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18 fevereiro, 2008


Se identidade implica, um processo de diálogo com vista à recriação e reconstrução, através do texto, também poderá ser entendida como um processo de manutenção de determinados traços culturais e das relações que eles estabelecem com outras características culturais diferentes.Em “Making Sense” de Nadia Marks, escritora de origem cipriota criada em Londres, retrata-se a vida de uma adolescente que como ela teve que viver num país diferente: “Up until I moved to England, just three months ago, I knew exactly who I was, Julia Lemonides, fourteen years old, confident, popular, artistic, lively (…).” Em Chipre, Júlia tinha tudo: amigos, confiança, gloriosos dias de sol… agora em Londres teve que começar tudo de novo, sentindo-se uma outsider. O seu carácter fortemente determinado e o sentido de humor fizeram-na, aos poucos, recriar a sua identidade e adaptar-se ao novo clima e cultura, daquele país tão diferente e que ela tinha que abraçar por força das circunstâncias. Desta forma, podemos pensar o ensino da arte/literatura como um poderoso instrumento para revitalizar e resgatar a identidade, a diversidade e as singularidades culturais, na medida em que através destes percursos narrativos, se podem ultrapassar e romper barreiras ao mesmo tempo que se reflecte em torno dos princípios axiológicos fundamentais ao reconhecimento da alteridade, imprescindíveis ao constructo humano.Se a literatura como dizem Austin (1962), Searl (1983) e Iser (1978) se assemelha ao modo do acto ilocutório, “ (…) It takes on an illocutionary force, and the potential effectiveness of this not only arouses attention but also guides the reader’s approach to the text and elicits responses to it.” então, poderemos dizer que, a literatura infantil e juvenil tem uma ponderosa força perlocutória, impelindo à acção, apesar da manutenção do seu carácter ficcional. Assim, a leitura faz-nos reexaminar, por vezes, as convenções sociais e individuais perspectivando novas formas de estar e de sentir o mundo.

1 comentário:

ESF disse...

Apesar concordar inteiramente com tudo o que é dito,é-me impossível, muitas das vezes, não deixar de me sentir defraudada com as adaptações.
No caso referido, ainda que as duas primeiras adaptações não tenham sido más, o texto que saiu este fim-de-semana veio confirmar os meus piores receios. Conhecendo e amando o original,"Amor de Perdição", dificilmente consigo apreciar a adaptação feita.
Aguardemos para ver...