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23 setembro, 2008

Histórias da Floresta....e de Fadas - Ciclo das Fadas V

Pedindo emprestado o tempo e o espaço da nossa infância escolhemos, mais uma vez, um livro que nos conta histórias de fadas. A grande Fada da história diz que: " Também nós as fadas da história precisamos de umas férias...(1988:2)" Eis porque mandou a Flor-de -Liz, a Túlipa, a Ortiga, a Alperce e a Pinha Seca para umas curtas férias na aldeia dos gnomos.
"...it doesn't matter ...the important thing is the effect the stories have now on those who read them" diz Tolkian (1947:11) e esta história, de facto, teve uma resposta positiva não tento pelo texto que se desenrola num ambiente diversificado, desde a idade média até à vida contemporânea, mas sim pelas imagens e pelos temas que propõe.
As imagens podem criar oportunidades de desenvolvimento literário e estético tal qual como as palavras. Neste caso, relembram intertextualmente os desenhos de Albert Uderzo criador de Asterix. O movimento imprimido, as cores, as expressões faciais, por exemplo, contribuem para a sua imediata adesão e permitem uma função mimética, no sentido de que nos fazem voltar ao nosso ponto de partida, a infância.
Os temas para além de proporem respostas literárias, propõem também respostas avaliativas e críticas por parte do leitor. O concerto, Quem semeia ventos colhe tempestades, Um quarto de Lua são exemplos desta proposta avaliativa que se pode realizar, e muitas vezes se realiza de facto, de forma espontânea num monólogo interior.
A credibilidade das histórias de fadas não é contestada! Elas são reais, ou sonhadas, como em Alice no País das Maravilhas. Não importa! O importante, de facto, é que elas são mundos alternativos onde o mundo empírico histórico factual só existe para proporcionar uma verosimelhança configurativa. Assim, aparecem os temas A varinha mágica, O espelho mágico e A vingança do anel, a lembrar-nos mais uma vez Tolkian e o seu "Lord of the Rings".
O que são histórias de fadas? Para que servem? Ainda hoje nos perguntamos mas, elas são "...a legitimate literary genre, not confined to scholarly study but meant for readerly enjoyment by adults and children alike. " (Tolkian,1947:12)

16 setembro, 2008

Continuando com o Fóruns Beiriz: Leituras entre mãos

2007/2008

Recensão Crítica

“Sobre o Último Grimm …”

O Último Grimm, de Álvaro Magalhães é a 2ª obra da colecção “Romance Jovem” editado pela ASA Editores, em 2007, que nos transporta para dois mundos diferentes: o nosso mundo (considerado normal) e um mundo irreal, de fantasia e imaginação. Povoado de criaturas mágicas esse “Outro Lado” tem, nesta história, a responsabilidade de revelar o confronto entra o Bem e o Mal.
Esta obra, bem como todas as histórias fantásticas, faz uso da uniformidade própria deste género de narrativa, sem cair, contudo, na repetição e na falta de criação estética.
Habituado ao estilo literário do escritor, justo será afirmar que, mais uma vez, Álvaro Magalhães consegue surpreender-nos chamando à cena personagens resolutas e envolventes. Assim, oriundos da sempre agitada cidade de Londres chegam-nos os irmãos William e Peter Zimmer descendentes dos célebres e bem conhecidos irmãos Grimm.
Não pense o leitor que se vai deparar com uma história cujo contexto histórico e social se baseia nas ideologias do século XIX (embora assim o pudesse ser). Aqui, estamos em pleno século XXI, onde as aventuras se vão passar na Cornualha, em Inglaterra, na Quinta da Pedra Azul e no Mundo das Histórias, que está do “Outro Lado”.
William Zimmer é, de todos, aquele que consegue ver as criaturas que vivem do “Outro Lado”, mas que de vez em quando, visitam os nossos jardins e cidades. A princípio, confuso com tudo aquilo, William renega o que lhe está a acontecer, mas depois, vai se habituando à ideia de que tem, de facto, um dom e uma missão a cumprir porque ele é o Último dos Grimm. Que tem, então de fazer William? Nada de fácil. Esta é, sem dúvida, a resposta!
William é, contudo, um rapaz muito corajoso, persistente, curioso, destemido e fiel aos seus deveres, portanto, sabe que tem de dar o pulo para o “País das histórias”, onde encontrará várias personagens das histórias de encantar, como o Gato das Botas, Winni the Pooh, a Rainha de Copas, entre outros. Todas estas personagens estão em perigo e William tem de actuar rapidamente para salvá-las, inclusivamente, a princesa Ariteia que foi transformada numa bela estátua de pedra e, por isso, privada de vida.
Do “Outro Lado”, enfrentando as trevas do mundo da Criança Terrível, o nosso herói vive as maiores aventuras. Ciente de que tem de triunfar, este jovem empreendedor, com a ajuda dos membros do “Clube dos Amigos das Criaturas” e dos duendes, vence a Criança Terrível e volta a “dar vida” a todas as histórias do passado, onde se podem revisitar os valores ético-morais ligados ao Bem.
O Último Grimm é, sem dúvida, uma obra a ler, recomendada para todas idades.
Aventuras, desafios, medos, receios, mistérios são momentos presentes nesta narrativa onde não se deixam de ler sentimentos de altruísmo, coragem, solidariedade, amor, dedicação e respeito.
Deixamos aqui, o nosso bem-haja a este autor que desde sempre soube e quis encantar os leitores de várias idades.


Trabalho realizado pelo aluno Paulo Silva, do 8º A e corrigido, em trabalho de reescrita colectiva, pela turma.

2007/2008

Trabalho de reescrita a partir da obra Contos da Mata dos Medos, de Álvaro Magalhães

A Nova Viagem do Caracol

O Caracol preparou a mala com tudo o que foi necessário para a viagem. Colocou uma lanterna, um saco-cama, entre outros utensílios.
E lá foi ele para a sua viagem em busca do Lugar Encantado.
Pelo caminho pôs-se a pensar:
– Se ir para esse lugar é não ir a lado nenhum em especial, tal como eu disse ao Ouriço, então se eu acho que devo ir pela esquerda, é porque devo ir pela direita.
E foi pela direita, fazendo isto todo o dia até anoitecer.
– E agora? – perguntou ele a si mesmo.
– Estou muito cansado, preciso de descansar. Mas onde poderei eu dormir? – perguntou a si mesmo o caracol.
De repente começou a chover.
– Não posso acreditar! – exclamou o caracol – e logo eu que não gosto de me molhar! E agora aonde para onde é que vou, caramba? – perguntou o caracol todo aborrecido.
Mas logo de seguida reparou que ali mesmo a frente dele, havia um formigueiro.
– Que sorte. – disse ele todo contente.
E lá foi ele a correr à velocidade veloz de um caracol, claro!
Estava todo molhado e cheio de frio.
– Será que eles me deixam ficar aqui alojado por esta noite? Bem, não custa nada perguntar. – afirmou ele.
E lá foi numa pressa bem aviada.
Mal entrou no formigueiro foi travado por dois guardas que o encostaram à parede. Mas o Caracol escondeu-se na sua casca até os guardas se acalmarem.
– Eu desisto – disse um dos guardas.
– Calma! Eu só quero dormir aqui esta noite, estou todo molhado e muito cansado. Amanhã, bem cedo, saio em busca do Lugar Encantado. – disse o caracol.
Os guardas já cansados acreditaram no caracol e foram falar com a sua Rainha.
O Caracol estava com medo, porque sabia que a Rainha era a maior do formigueiro. Mas quando a viu ficou admirado com a sua altura.
– Que pequena que és! – exclamou ele.
– Não, tu é que és muito grande! – exclamou a Rainha aborrecidíssima com tal reparo.
– Tem toda a razão, desculpe. Posso dormir cá esta noite? – perguntou o Caracol com medo que não fosse aceite.
– Está bem, podes ficar no quarto do meu filho. Mas atenção! Ao menor deslize mando-te prender nas masmorras. – Disse a Rainha.
– OK! – exclamou o Caracol. – Não se preocupe.
E lá foi ele em direcção ao quarto. Quando lá chegou encontrou o filho da Rainha.
– Olá. Eu sou o Caracol. E tu, como te chamas? – perguntou o Caracol.
– Bola de Berlim, mas podes tratar-me por Bolas.
– Bola de Berlim? Que raio de nome! – exclamou o Caracol.
– Nós, as formigas, temos os nomes das nossas comidas preferidas. O nome do meu melhor amigo é Gomas. – disse o Bolas.
– Se fosse assim eu chamava-me o “ Couves”. – riu-se o Caracol.
– Olha lá, sabes onde é o Lugar Encantado na Mata dos Medos? – perguntou o Caracol.
– Nós já não estamos na Mata dos Medos. Isto, aqui, é o Pomar da dona Micas. – disse o Bolas.
– Ai é? – exclamou o Caracol.
– Então tu perdes-te e ficas assim? – perguntou o Bolas
– Sim, porque estou a viver uma nova aventura. – respondeu o Caracol, entusiasmado.
– Não te percebo, mas agora estou com sono e quero dormir. Boa noite Caracol – disse o Bolas
– Boa noite Bolas – respondeu o Caracol.
Quando acordaram foram tomar o pequeno-almoço. Mas o Caracol não gostava muito de bolachas, e por isso, não comeu nada.
Então o Bolas sugeriu que fossem brincar lá para fora.
– Isto aqui é muito bonito! Não sabes onde há couves? Estou cheio de fome! O pequeno-almoço não era lá dos meus preferidos. – disse o Caracol.
– Não gostas de bolachas? Eu gosto muito. – retorquiu o Bolas.
– Prefiro vegetais – afirmou o caracol. – Sou um vegetariano – disse ele num tom de pose estudada.
– Então estás no sítio certo, o Pomar da dona Micas é ao lado da horta do tio Quim.
E foram logo de seguida para a horta.
– Mas tens de ter cuidado com o Rox, um pastor alemão – afirmou o Bolas a estremecer.
– Por que temos de ter cuidado? As ovelhas do pastor atacam? – perguntou o Caracol.
– Não ó nabo! O Pastor Alemão é uma raça de cão. – disse o Bolas.
– O que é um cão? – perguntou o Caracol.
– São animais muito grandes, do tamanho de um arbusto espinhoso, e atacam os animais mais pequenos que eles. A tua a sorte é que ele é ingénuo e pouco inteligente. – disse o Bolas, a estremecer outra vez.
– Mas porque é que dizes que é a minha sorte? Tu não vens comigo? – perguntou o Caracol.
– Achas? Eu não. Ele ainda me come. Mas não te preocupes, se não vieres para o formigueiro ao pôr-do-sol, eu mando uns guardas para te irem resgatar – disse o Bolas.
A fome era tanta que o Caracol, nem pensou no perigo que corria. E lá foi ele em direcção à horta da dona Micas.
Quando lá chegou, estava o Rox a dormitar na sua casota.
– Que sorte! Esta é altura perfeita para eu me consolar, mnhã, mnhã que ricas couves!
Quando o Caracol deu a primeira dentada, o Rox acordou e começou a ladrar, pois tinha farejado algo estranho.
– Quem está aí? – perguntou o Rox a rosnar.
O Caracol tentou esconder-se, mas como era lento não conseguiu. O Rox farejou-o e apanhou-o.
– Quem és tu? E o que fazes aqui? Como te atreves? – perguntou o Rox zangado.
– Sou o Caracol, estava cheio de fome. Como vi muitas couves, pensei que não fazia diferença dar só umas pequenas dentadas. Não foi por mal só queria matar a fome. – respondeu o Caracol cheio de medo.
– Matar a fome? Na minha horta? Não vês que estás a estragar as couves que vão ser servidas no Natal? Eu estou aqui para tomar conta da horta. Tenho ordem para atacar o primeiro intruso que ousar aqui entrar. Dá-me uma boa razão para não te matar. – disse o Rox furioso.
– Porque… Porque… bem se me matares sai um liquido viscoso que é tóxico e pode matar-te. – disse o Caracol tentando safar-se.
– Ai sai? Pois então nesse caso guardo-te numa gaiola para não fugires. – disse o Rox.
– Pois mas muito tempo sem comer faz-me gases e também te podem matar.
– Nesse caso deixo-te aqui sozinho. Tchau! – disse o Rox.
O Caracol ficou sozinho durante muito tempo.
Como o Caracol ainda não tinha voltado, o Bolas pensou que ele corria perigo. Levando dez guardas com ele foi procurá-lo. Mal chegou começaram com a sua missão de resgate, fazendo pouco barulho para não atrair a atenção do Rox.
– Pst! – disse o Bolas tentando ganhar a atenção do Caracol.
– Estou aqui! – gritou o Caracol.
Mas o Caracol gritou tão alto, que o Rox ouviu e foi lá fora ver o que se passava.
– AH AH! Com que então há mais pessoas que querem morrer!
– Por acaso até não! – disse o Bolas
– Se eu fosse a ti não os matava, porque se os matas irá acontecer a mesma coisa que te aconteceria se me matasses. – disse o Caracol.
– Então vou prendê-los contigo – disse o Rox.
– Pois mas se nos prenderes, vêm todas as formigas do formigueiro para os resgatar, e olha que no formigueiro vivem três mil formigas! – exclamou o Bolas.
O Rox, por não saber contar até três mil, pensou que esse número era enorme, e por isso ele ficou muito assustado.
– Pronto estás livre, mas não voltes mais! – disse o Rox furioso.
– Com certeza Rox – disse o Caracol tentando não se rir da ingenuidade do Rox.
Quando foram embora para o formigueiro, pelo caminho, o Caracol viu o Chapim a sobrevoar os céus.
– Chapim! – chamou ele.
O Chapim ouviu o Caracol e desceu, aterrando num ramo de Carvalho.
– Olá Caracol! Como vieste aqui parar? – perguntou o Chapim.
– Vim numa viagem e perdi-me, e o Bolas acolheu-me no seu formigueiro.
– Prazer em conhecer-te Bolas. Eu sou o Chapim – disse o Chapim.
– Muito gosto em conhecer-te Chapim – disse o Bolas.
– Já chega de apresentações! Chapim leva-me para o largo, porque não sei voltar para lá – pediu o Caracol.
– Está bem, mas quando chegarmos contas-me a viagem toda, está bem? – perguntou o Chapim.
– Está bem. Tchau Bolas, foi um prazer conhecer um animal mais pequeno que eu. – disse o Caracol.
– Obrigado, depois anda visitar-me. Tchau! – despediu-se o Bolas.
E lá foi o caracol às cavalitas do chapim para o largo. Pelo caminho o Caracol pensou: Viver no largo é que bom. La isso é que é, Olarilolé!


Pedro Silva, nº 14, 8º A

15 setembro, 2008

Fóruns Beiriz: Leituras entre mãos

Olá a todos e um bom ano de trabalho.
Neste 1º dia de aulas na Escola EB 2,3 de Beiriz, gostaria de deixar aqui, neste blog que tanto prezo, alguns dos trabalhos dos meus alunos. Sei que ele não se presta a este género informação e/ou trabalho, mas julgo pertinente partilhar o quanto se pode fazer usando O Imaginário nas aulas de Língua portuguesa com “gente” cuja idade é considerada problemática e avessa à leitura.
Para todos os envolvidos, o ano lectivo anterior foi protagonista no exercício da leitura e da reescrita. De acordo com as diferentes temáticas apresentadas, os alunos dos 7º, 8º e 9º anos integraram um projecto de parceria com a Biblioteca da Escola e realizaram diferentes trabalhos de escrita para os três fóruns de leitura. De referir que vários trabalhos conseguiram surpreender-nos, quer pela componente estético-linguística que os distinguia, quer pela originalidade.
Cheguei a dizer que, se os trabalhos fossem bons nos vários domínios a cumprir, os colocaria no blog: Mediadores, Livros e Leitores (que eles entretanto já consultavam). Fiquei muito contente com alguns deles e, se “o prometido é devido”, como diz o velho ditado, parece-me não poder faltar à promessa. De facto, na sua quase totalidade (reporto-me aos seleccionados) os trabalhos são bons. Uns de muito boa qualidade, outros mais medianos, mas todos de uma grande significação para mim (que os orientei) e para as minhas colegas de parceria nesta coisas das leituras, que os leram com entusiasmo e também ajudaram na sua correcção. Fica então um muito obrigado às professoras Isabel Silva (que pacientemente ouviu as demais propostas) e Manuela Ramos (que tão gentilmente cedeu os livros da B.E. e também “agarrou” este projecto).
Aos meus alunos deixo um “obrigada” (muito particular) pelos momentos de permuta que tanto nos enriqueceram; aos autores das demais obras, um outro “obrigada”, com um apontamento de grande satisfação; aos restantes participantes, uma nota de incentivo pois muitos mais vão ser os trabalhos a desenvolver.

Gisela Silva
Cá vos deixo um dos primeiros trabalhos. Outros se seguirão. Acredito que vão gostar de ler os que os nossos alunos sabem fazer numa atitude de fruição e aprendizagem.
2007/2008
Pequeno comentário à obra
A Rosa do Egipto do Triângulo Jota:

Álvaro Magalhães é, como todos sabem, um prestigiado escritor que escreveu, entre muitos outros livros, a colecção Triângulo Jota, composta, até agora, por dezasseis obras. Este “imaginador”, como ele próprio se denomina, também sabe criar quando se trata dos mais velhos. A nossa professora, trouxe algumas para dentro da sala de aula.
Relativamente a: A Rosa do Egipto (livro que quisemos trabalhar), o mistério e o suspense fazem com que tenhamos cada vez mais vontade de chegar ao fim, longo o nosso interesse pela leitura não é fingido. Em todos os livros, os três jovens formam um conjunto perfeito: a Joana tem sempre o seu instinto apurado, o Jorge é a força do grupo, o Joel, por sua vez, é o intelectual, o pensador.
Assim, quando estão metidos em alguma alhada, todos conseguem sempre sair ilesos, pois apoiam-se e protegem-se uns aos outros.
A Rosa do Egipto, cujo enredo começa na altura do Natal, na confusão das compras (o que nos poderia levar a pensar num mistério numa rua, loja, tenda, ou casa qualquer) roda em volta do Egipto, o que nos faz voar até às pirâmides egípcias e aos seus túmulos ricamente decorados com inscrições coloridas, profundamente simbólicas.
Aqui, as rosas azuis também são um mistério. Tal como o enigma da pirâmide (que só aparece ao meio-dia), as rosas, não só por serem azuis mas também por ser Dezembro e haver rosas, levam-nos à riqueza simbólica do texto. Aventura, ilusão, empreendimento, tudo se mistura com a vontade e a força de criar um mundo ficcional e, de facto, nos últimos capítulos tudo se torna um mistério e a leitura faz-se de forma empolgante.
As emoções do último capítulo são visíveis quando o João dá a mão ao pobre velho momentos antes de este morrer. Sei que é difícil perder alguém que nos é querido, mas pior ainda é ver um pessoa morrer à nossa frente. O escritor soube narrar bem o episódio e mostrar que a leitura para os mais jovens também se faz de coisas e factos muito reais.

Daniela Santos, 8ºC

2007/2008
A partir do estudo da obra dramática “Antes de começar”, de Almada Negreiros, realizamos um trabalho de grupo que achamos poder ser partilhado com outros leitores.


O Boneco
O Boneco chegou a esta Companhia de Teatro, há 2 anos, mais precisamente, no mês de Abril. Desde então esta Companhia tem tido um grande sucesso e o Boneco está satisfeito com o trabalho que tem vindo a desenvolver. Hoje, irá dar mais uma entrevista. Contamos com a presença da prestigiada revista “Marionetas”
Marionetas: Boa tarde. Soubemos que esteve adoentado, já está completamente recuperado?
Boneco: Bem, não foi nada de grave, mas no nosso último espectáculo fiquei com os cordões todos entrelaçados e um dos nós magoou-me imenso.
Marionetas: Sabemos que gosta de trabalhar nesta Companhia de Teatro. Qual o balanço destes 2 anos?
Boneco: É um balanço positivo. Durante este tempo todo, realizamos duas digressões pelo país e atingimos os nossos objectivos. Acho que contribuí para alguns dos melhores espectáculos das duas digressões que já realizamos e isso torna-me feliz.
Marionetas: Sente que se sair no final da próxima digressão, que o faz com o sentido do dever cumprido?
Boneco: Não sei se vou sair no final desta digressão, mas se isso acontecer, parece-me que poderei sair de braços abertos e com um olhar de confiança. Parece-me, contudo, que ainda é muito cedo para falar nisso.
Marionetas: Vamos imaginar que irá sair desta Companhia, que outra o seduziria?
Boneco: Estou apenas concentrado no trabalho que desenvolvo aqui e na digressão deste ano, o resto não me interessa.
Marionetas: Já pensou alguma vez representar em televisão?
Boneco: É o sonho de qualquer actor, mas para já não está nos meus planos.
Marionetas: Quando aqui chegou o que lhe mais chamou à atenção?
Boneco: Sem dúvida a minha parceira Boneca, que é uma excelente profissional e uma amiga como poucas.
Marionetas: Como se sente, sabendo que não é a única marioneta que consegue falar?
Boneco: Sinto-me bem, porque posso comunicar. Antes de descobrir que a Boneca também falava eu não tinha com quem conversar. Já imaginou gente da nossa idade sem falar ou sem comunicar abertamente? Um horror, sem dúvida. Ouvi dizer que os jovens de hoje estão um pouco assim, sozinhos, isso não é benéfico. Todos temos de relacionarmo-nos.
Marionetas: Claro. E por falar nisso, tem alguma relação com Boneca e/ou já tiveram?
Boneco: Já tivemos uma relação, mas uma relação de dois adolescentes, igual à de todos os adolescentes.
Marionetas: Ainda pensa na boneca?
Boneco: Sim, mas só a vejo como uma boa amiga. Bem, já se faz tarde. Se não se importam…
Marionetas: Claro. Muito obrigado pela sua atenção. Quer deixar uma mensagem aos jovens?
Boneco: Sim, claro. Não lhe tomamos mais tempo. Sejam felizes. Escutem o vosso coração!

Os alunos: Joaquim Correia e Miguel Costa, do 8º C