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24 dezembro, 2009

Um pedido, uma obrigação colectiva, a festa da vida









A Festa dos Pastores é um livro de Rosário Araújo, editado pela QUIDNOVI pertinho do Natal de 2008, mas que realiza (e realizará) sempre um outro Natal.



A festa, aqui, faz-se de tons quentes estreitados no abraço do singelo e do doce. O convite começa na capa, deliciosamente ilustrada por Carla Nazareth, e o prazer que se associa à época vai, a braços com a escolha feita pela Marta a quem o conto é dedicado, conduzir-nos para o colo atento da avó Bita onde costuma haver histórias. No mundo de Daniel Pastor a nobreza dos sentimentos, que fazem o hábito de muitas crianças, reporta-nos para um mundo onde a solenidade da promessa e o acto da entrega se confundem numa participação atenta para com o Outro.



O novo nascimento da vida, que se desenha nas últimas páginas, adivinha-se nos modos deste pequeno pastor que vive nos montes, onde o dia-a-dia também se faz do calor da amizade sincera com os amigos do pastoreio e do mimo que ele faz às suas ovelhas.



Desde cedo, sentem-se os aromas de casa. Há “pão de lenha”, leite aquecido e bebido por uma grande malga de leite. O adjectivo é meu, apenas o coloquei porque o quadro descrito mostra o poder da sinestesia feita de cores, odores e sabores, o que me deixa sentir o conforto de uma malga grande, quente e erguida na vontade de lá enfiar o nariz, enquanto as mãos se aquecem à sua volta.



É de um menino, de “olhos orgulhosos” no asseio da labuta; dos seus amigos, fiéis na partilha, na alegria e no empenho; da família, orgulhosa no saber ser; de um Anjo Mensageiro que desceu ao “Monte da vida” e, claro, do encanto do Natal, puro e simples no anúncio da boa nova, que se faz esta história.



“Da janela da sua casa, a avó Bita olhava a festa com ternura. Tinha contado tantas histórias ao neto, e agora, ele mesmo tomava parte de uma que nunca mais seria esquecida” (Araújo, 2008:34)



A festa ainda mal começou, mas o meu desejo de festas felizes para todos é sincero e, por isso, já me escapou por entre os dedos. FELIZ NATAL, com cheiro a sonhos, rabanadas e papos de anjo!





Gisela Silva









22 dezembro, 2009

Outros Natais




Autor: José Abílio Coelho

Ilustração: Domingos

Ano: 2009



Numa edição fora do mercado, chegou-me às mãos este livro do escritor e jornalista José Abílio Coelho que, desde logo, me envolveu numa comovente revisitação aos espaços onde se projectam os mistérios complexos da alma humana, evocadores de sentimentos, pensamentos e memórias onde é possível concretizar-se a sacralização do real.
Numa escrita límpida, segura, trave da recuperação de imagens sociais de tempos idos, assistem os leitores ao êxodo de António e Maria para a cidade, onde o encontro com uma realidade mais próspera aumenta o sentido da alteridade dos protagonistas, ajudando os familiares que permaneceram na aldeia.
Ao aproximar-se o Natal, a possibilidade de ficarem longe dos familiares “naquela noite maior” (Coelho, 2009:21) acentuam as saudades que são abruptamente interrompidas pelo nascimento de um filho, num tempo antecipado pelo “calendário da Natureza, cheio de jeito para contrariar as contas dos homens” (Coelho, 2009:22).
No entanto, esse Natal acontece na atmosfera da espiritualidade humanista. O “choro nítido de uma criança” (Coelho, 2009:29) anuncia um devir contextualizado na dimensão incomensurável de um outro acontecer.
José Abílio Coelho soube em “Outros Natais” encontrar a consistência que transfere os conteúdos da memória e, pela imperiosa força da palavra, reactivar os cenários da tradição rural, reproduzi-los e reelaborá-los na dimensão dos afectos, que a alguns ofereceu com este conto.

Teresa Macedo

15 dezembro, 2009

Mauri Kunnas

Photo by Sala Korpela, 2007

Mauri Kunnas is a famous Finish writer and ilustrator for children.

He was born in 1950, in a small town named Vammala, in the South West of Finland, near Tampere.

In 1978, he published his first book The Book of Finish Elves that is a tremendous sucess till now and is translated in many languages, as all of his literary and graphic work.

Kontio, (2003:1) says about Kunnas that:" (...) he has won the hearts across national borders. His stories have educated several generations on everything from the Finish national epic the Kalevala to the tales of King Arthur and his knights of the Round Table, and they continue to provide cross-cultural interaction in a way that is unprecedent. Kunnas has not only created a phenomenon, but become one himself: as a remarkable character of Finish literature and as an illustrator with a wild imagination."


In Portugal several books were published by Mauri Kunnas, in the eighties, and they probably need to be republished. At the same time Portuguese children should have the oportunity to read his latest stories and see his drawings full of immagination that atracts nowadays video generation.


Books published in Portuguese:
Ricky, Rocky and Ringo go to the Moon
Ricky, Rocky and Ringo on TV
Ricky, Rocky and Ringo's colourful Day

References
http://www.maurikunas.net
Kontio, Reija (2003) The importance to Finland of a One Man Phenomenon. Retrieved from
http://www.uta.fi/, in 15/12/2009

19 outubro, 2009

Ler Para Entender: Acção de Formação


Por sabermos que os símbolos e as imagens são parte constituinte do nosso dia-a-dia onde a criança como indivíduo manifesta as suas aprendizagens, consideramos que o espaço da imaginação é o espaço da excelência.

Assim, esta acção de formação é para todos os educadores, professores, animadores sócio culturais, técnicos de educação, pais e alunos que contestam atitudes impeditivas da capacidade imaginativa da criança.

Indo de encontro a algumas das necessidades que, hoje, o ensino/aprendizagem da língua impõe na formação de leitores reflexivos e competentes, a acção de formação encontra-se estruturada de forma a proporcionar satisfatórias e motivadoras situações de reflexão e diálogo entre todos os participantes.

Pretendemos partilhar experiências de leitura realizadas ’no terreno’, onde serão sugeridas práticas acompanhadas de sistematizações (apoiadas na leitura de obras da literatura de potencial recepção infanto-juvenil), perfeitamente exequíveis dentro da sala de aula, da biblioteca e/ou em casa.

Autores Formadores: Gisela Silva, Teresa Macedo, Rita Simões, Américo Lindeza Diogo e Fernando Azevedo

Locais e datas (em permanente actualização)


Local: Auditório Municipal/Casa da Juventude da Póvoa de Varzim
Data: sábado, 14 de Novembro - 9h30-12h30

Local: Auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva - Braga
Data: sábado, 28 de Novembro - 9h30-12h30

Preço: 20 € (inclui a oferta de materiais e certificado)


17 outubro, 2009

MATSUTANI, Miyoko is a Japanese writer of stories for children.

She was born in 1926, in Kanda, Tokyo.
Her first story Kaininatta Kodomo no Hanashi (A Story of a Child turned into a Shell) appear in the magazine Dowa Kyoshitsu (A Classroom of Children's Stories), in 1948. Later, the story was published by Akane Publishing Co. as collected short stories entitled Kaininatta Kodomo (A Child turned into a Shell, 1951). The work won the first Japan Juvenile Literature Association Award for New Writers.
Like the Grimm brothers, she with her husband energetically collected oral stories and folktales through the interviews with the rural people in the Shinshu region, which inspired her to create a story Tatsunoko Taro (Taro the Dragon Boy, 1960) in her unprecedented literary style. Matsutani describes the story as a "collaboration of ancestors and myself." Interspersed with classical children's rhymes, her narrative style flows with a beautiful rhythm exquisitely resonant with the inherent power of story-telling. The work received the first Kodansha Award for Newcomers, the Sankei Juvenile Literature Publishing Culture Award, and the Hans Christian Andersen Award-Honour List (current IBBY Honour List) in 1962.
Along with her enthusiasm in creating children's fictions based on folktales, the autobiographical narrative in her Chisai Momo-chan (Little Momo-chan, 1964) brought a fresh air to the genre. The lively tone in the depiction of a child's daily life with her working mother captured readers' hearts. The work won the Noma Prize for Juvenile Literature and the NHK Juvenile Literature Encouragement Prize. Subsequently, she worked on the series of Momo-stories following the girl's growth, such as Momo-chan to Pooh (Momo-chan and Poo, 1970).
Particularly, Chisai Akane-chan made a big challenge in dealing with a topic on a parent's divorce, a conventional taboo in the realm of children's literature, by putting the serious subject into focus in a touch of fairytale style.
Matsutani also wrote the so-called protest literature andwar-stories for younger children such as Machinto (A Little more, 1978) and Oide-Oide (Come here, 1984), for example. They were written for those children in the next generation who do not have any experience of real war.

It is really a pity we don't have one single book translated into the Portuguese language...

(The text was adapted from IBBY Japan)

To read more about Myoko Matsutani...

12 outubro, 2009

Ler Para Entender

Lançamento da obra na 6ª feira, dia 16 de Outubro, pelas 21h30, na Livraria Salta Folhinhas, no Porto.
Estão todos convidados!

10 outubro, 2009

Coração Sem Abrigo

Autor: José Jorge Letria
Ano: 2009
Editora: Oficina do Livro


“Que dia é hoje? Há quantos dias aqui procurámos abrigo, talvez da chuva, talvez do frio, talvez dos medos sem nome e sem rosto que povoam a noite?” (Letria,2009: 11). É nesta imersão questionadora que se inicia esta narrativa de pendor analítico sobre o desamparo da condição humana encorpada num “sem abrigo”, sendo a componente poética que nela se destaca uma proposta de culto reflexivo na interioridade silenciosa dos leitores.
Intensamente centrado num “imenso monólogo com duas personagens”(Letria, 2009:19) - um homem e um cão - neste romance o dialogismo com o mundo, as dúvidas que dele advêm, as mutações geradoras de insatisfação e a denúncia instaurada pelo vazio deixado pela ausência dos valores ético-morais que desse mundo se arredaram, recuperam o lugar de muitas discussões onde todos são convidados a intervir.

E podem fazê-lo já no dia 13 de Outubro de 2009, às 18.30h, aquando da apresentação deste romance pela Dra. Maria Barroso e pelo Comendador Tomé de Barros Queiroz, no Restaurante, no piso 7 do El Corte Inglés, em Lisboa.
Teresa Macedo

23 junho, 2009

Mesa Redonda sobre Ilustração


As ilustrações aderem meramente à sequência narrativa ou saltam para além proporcionando comentários e sugestões adicionais à palavra escrita?
O texto gráfico potencia o desenrolar da história?
Percorrem as palavras e as imagens narrativas independentes ou seguem um único patamar de possibilidades?
Estas e outras questões serão possivelmente partilhadas na mesa redonda...


NOVOS CAMINHOS DA ILUSTRAÇÃO


Mesa redonda sobre ilustração no Norte de Portugal e Galiza Biblioteca Municipal de Vila Nova de Gaia, 3 de Julho, 18h30.

Com os ilustradores Gémeo Luis, Cristina Valadas, Luís Silva, Marc Taeger e José Manuel Saraiva


Moderador: Emílio Remelhe

29 maio, 2009

Galileu à luz de uma Estrela

Autor: José Jorge Letria
Ilustrador: Afonso Cruz
Ano: 2009
Editora: Texto

A arte de narrar para crianças requer um genial domínio de estratégias que sejam suficientemente capazes de seduzir este tipo de leitores. E nessa medida a vastíssima produção literária de José Jorge Letria para este público alvo tem-no revelado um manuseador singular dos elementos da afectividade, da poeticidade e duma escrita envolvente, que fomentam a adesão à leitura e o desenvolvimento do interesse por temáticas com elevado grau de complexidade como é o caso de “Galileu à luz de uma estrela”.
Poderíamos quedar-nos nas potencialidades de um título visivelmente polissémico, porta de entrada de uma construção ficcional biográfica que revivaliza a figura mítica de Galileu, mas o conteúdo textual que traçará o perfil multifacetado deste protagonista é um painel artisticamente elaborado onde qualquer leitor pode fazer incursões fantasiosas pelos universos sugeridos ou aproveitar para expandir o seu background cultural à luz de um livro que muito fala do contributo dado ao real pelo herói focalizado.
Quanto aos destinatários preferenciais depressa se deixarão guiar pela estrela atenciosa e narradora que constantemente interage com eles, adivinhando as dúvidas e inquietações produzidas no contacto com a leitura, executando o papel de um contador de histórias que fixa os olhos dos ouvintes, atendendo aos sinais que lhe dão indicações da forma de prosseguir: “Neste momento, imagino que estejas já a perguntar o que faz aqui uma estrela a tentar conversar contigo e quem é esse homem especial cuja história eu anunciei que ia contar-te” (p.4). E, pouco depois, descreve o “matemático, físico, filósofo e também astrónomo” (p.6).
Este dialogismo com o leitor permite fazer escaladas muito profundas pela vida de um dos maiores génios que a humanidade conhece, demonstrando a capacidade invulgar e ternamente amadurecida de um escritor que desenha um caminho onde o labor da investigação em torno de personalidades singulares e o conhecimento da Infância o colocam na linha da frente dos grandes nomes de referência da Literatura Infanto-Juvenil contemporânea.
A “Estrela Galileu” (p.32) deixa-nos, assim, “a história de um homem muito especial, que viveu há muitos anos e que, na escuridão das noites frias, gostava de observar as estrelas distantes (…) e de conversar com elas baixinho, para ninguém poder ouvir aquilo que diziam entre si na imensidão do Universo” (p.4).
Teresa Macedo

27 maio, 2009

Era uma vez um rei Conquistador

Autor: José Jorge Letria
Ilustrador: Afonso Cruz
Ano: 2009
Editora: Oficina do Livro

Se o título “Era uma vez um Rei Conquistador” é convidativo à entrada no universo encantatório do Maravilhoso, a ilustração de Afonso Cruz revela imediatamente o herói pertença do mundo histórico e factual, de quem José Jorge Letria faz uma construção ficcional biográfica, na efeméride dos 900 anos do seu nascimento – Afonso Henriques.
A memória do Rei Conquistador seria apenas reforçada por mais um livro, entre tantos que perpetuam o seu génio guerreiro e destemido na determinação sagaz da independência de Portugal, se não fosse a especificidade que singulariza esta obra para a Infância, tecida com todos os elementos imprescindíveis à adesão das crianças pelas temáticas onde Fantasia, Imaginação e Realidade se entrecruzam e corroboram para o alargamento do seu conhecimento do mundo, do desenvolvimento da sensibilidade estética e a promoção dos valores necessários ao constructo humano.
No início, o Rei Conquistador é dado a ver como um menino que “brincava com coisas simples e gostava especialmente de uma espada de madeira que Egas Moniz (…) mandara fazer para ele (…) [e de] construir castelos de brincar, com pedras, terra barrenta e pedaços de madeira” (p.10), igualizando-se aquele que veio a tornar-se Rei de Portugal a todos os outros meninos. No entanto, na teia de toda a acção que há-de mover a vida do herói fundador da nacionalidade portuguesa, eleva-se uma capacidade inata para a determinação que é movida pela indicação de um futuro predestinado, protegido pela alma de D. Henrique que, “algures, talvez debruçado numa nuvem distante (…) velava por ele e pela sua segurança, nos campos de batalha e fora deles” (p.16) e pela força das premonições oníricas que aconteciam “mesmo de olhos abertos” (p.18).
Esta narrativa articula diferentes perspectivas que elevam o herói ficcionalizado como modelo de generosidade, de lealdade e de persistência, num jogo onde o rigor dos dados históricos se harmoniza com as personagens do Imaginário infantil, organizados por um narrador que estabelece uma grande cumplicidade com as crianças, derrubando as fronteiras entre o mundo possível e o mundo impossível.
Por isso, a “Fada da Noite Estrelada” (p.36) surge para encerrar de maneira cativante o percurso de vida de Afonso Henriques, apresentando-se com o poder simbólico que sugere o fim, mas livra os pequenos leitores do confronto com a palavra morte.
“Era uma vez um Rei Conquistador” é, por isso, um livro de leitura recomendada.



Teresa Macedo



12 maio, 2009

Era uma vez uma fada que se chamave Lisete que por não estar habituada a comer em demasia, caiu desmaiada a caminho do lago. Mimo, o velho castor seu amigo, ficou sem a ajuda habitual que Lizete lhe costumava prestar e por isso estava triste e quase a pensar que tinha sido abandonado à sua sorte.
Mas não, Lisete, com a ajuda dos amigos pirilampos, depressa chegou ao lago, atravessando os campos de papoilas, as árvores apaixonadas, a pedra oca e a corrente do rio...
O encontro com Mimo foi um encontro com - sigo mesmo e com o outro em si - o encontro com a alteridade (Bachtin,1992) e com o princípio da "consciência que o Homem tem de si mesmo considerando-se como outro", (Feuerbach,1804-1872), pois Lisete percebeu, naquele momento, a necessidade de nos assumirmos uns aos outros enquanto sujeitos interligados, neste mundo global, aqui representado pela floresta e por todos os eco-sistema que nela residem.
De vez em quando, os obstáculos surgem subrepticiamente, sem darmos conta (o desmaio) mas também, quase simultâneamente, chegam os adjuvantes com a sua luz forte de pirilampos para alumiarem e indicarem o caminho...Lisete não os reconheceu logo como amigos e muito menos como tendo a capacidade de prestar ajuda, naquela situação tão melindrosa em que se encontrava: "afinal tu és apenas um insecto!" disse ela e as palavras ditas estão sempre carregadas de um conteúdo ou de um sentido ideológico ou vivencial. (Baktin, 1992:95)
Contudo, também os insectos e os animais mais insignificantes, como no caso da formiga, no conto de Esopo, podem constituir-se como potenciais amigos, em dificuldades futuras, revelando-se extremamente importantes num quadro de difícil execução.... daí que o insecto lhe tenha retorquido: "- Não te deixes enganar à primeira vista. Os teus olhos e a tua mente podem pregar-te umas partidas."
Lisete, então, aceitou ser ajudada, por manifesta incapacidade de se iluminar a si própria. Estava triste e furiosa e quando isto acontece "Não consegue iluminar o corpo por mais que insista".O valor da amizade, um sentimento de afeição mútua o colocar-se no lugar do outro para compreender as suas atitudes são pois os temas principais desta singela narrativa que tem por personagem central, mais uma vez, uma FADA!

Bibliografia
BAKTIN, Mikail. Marxismo e filosofia da linguagem.6ed. São Paulo: Hucitec, 1992.

03 maio, 2009

Depois do sucesso das edições anteriores, a Câmara Municipal da Trofa promove, de 2 a 10 de Maio, o V Encontro Lusófono de Literatura Infanto-Juvenil.
Durante uma semana, a Casa da Cultura da Trofa recebe escritores, ilustradores lusófonos, exposições, encontros com escolas, formação, apresentação de livros e a IX Feira do Livro.Para esta edição marcarão presença os escritores e ilustradores Alexandre Parafita, Ana Bárbara de Santo António, Ana Saldanha, Inácio Nuno Pignatelli, José Cardoso Marques, Lourdes Custódio, Manuela Monteiro, Margarida Fonseca Santos, Marcus Tafuri, Ondjaki e Valter Hugo Mãe.
O encontro Lusófono continua com apresentação de livros, de destacar no dia 4 de Maio pelas 14h00 a apresentação do livro “A casa da Romãzeira – História com Abril dentro” texto de Manuela Monteiro. No dia 5 de Maio, pelas 11h30 será a vez do livro “Russa, a Bruxinha Tecedeira” com texto de Ana Bárbara de Santo António e ilustração de Isabel Menezes. A 10 de Maio, pelas 17h00 será apresentado o livro “Este lago não existe” de Vítor Burity da Silva.
Este blog exorta-vos a visitarem o município da Trofa onde poderão apreciar um trabalho de qualidade em prol do livro e da leitura.

19 abril, 2009

Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor



Estamos próximo de mais uma data importante no calendário do livro e da literatura.Dia 23 de Abril comemora-se o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor.Celebrando este dia as Nações Unidas procuram promover a leitura, a industria editorial e a protecção da propriedade intelectual. Partilhamos convosco o texto com que a UNESCO pretende comemorar esta data.
Le 23 avril 1616, disparaissaient Cervantes, Shakespeare et Garcilaso de la Vega dit l’Inca. Ce 23 avril marque aussi la naissance, ou la mort d’éminents écrivains comme Maurice Druon, K. Laxness, Vladimir Nabokov, Josep Pla ou Manuel Mejía Vallejo. C’est pourquoi, cette date ô combien symbolique pour la littérature universelle, a été choisie par la Conférence générale de l’UNESCO afin de rendre un hommage mondial au livre et à ses auteurs, et encourager chacun, en particulier les plus jeunes, à découvrir le plaisir de la lecture et à respecter l’irremplaçable contribution des créateurs au progrès social et culturel.L’idée de cette célébration trouve son origine en Catalogne (Espagne) où il est de tradition d’offrir une rose pour l’achat d’un livre. Le succès de cette initiative dépend essentiellement du soutien que peuvent lui apporter les milieux intéressés (auteurs, éditeurs, libraires, éducateurs et bibliothécaires, institutions publiques et privées, organisations non gouvernementales et médias) qui sont mobilisés dans chaque pays par l'intermédiaire des Commissions nationales pour l'UNESCO, les associations, centres et clubs UNESCO, les réseaux d'écoles et de bibliothèques associées et tous ceux qui se sentent motivés pour participer à cette fête mondiale.

02 abril, 2009

Dia Internacional do Livro Infantil

Sonhos de grandeza

O ilustrador Felipe Ugalde foi proclamado vencedor da segunda edição do Prémio Internacional Compostela para Álbuns Ilustrados, com uma obra chamada Sueños de Grandeza, em que o júri destacou a sua grande riqueza estética, literária, e o seu domínio da técnica plástica.
Este prémio foi, com toda a pertinência, conhecido pela altura do Dia Internacional do Livro Infantil lembrando-nos a importância que têm as histórias para os mais pequenos. São eles que, mais tarde, não farão esquecer o gosto pela leitura e pelos livros e contribuirão para o nascimento de comunidades leitoras que não só leiam mais mas que sobretudo leiam melhor.
O segundo e o terceiro prémios foram atribuidos respectivamente a Tommaso Nava e a Cecilia Afonso de entre 280 trabalhos de 22 países.

29 março, 2009

Ciclo da Fadas XII - Açafrão, A Fada Amarela

" Só pode ser mel de fadas" diz Cristina para a amiga, enquanto procuravam as fadas perdidas no jardim da dona Felizarda.Mas as fadas não produzem mel, são as abelhas e estas, segundo a mitologia representam a eloquência, a poesia e a inteligência como o interface terreno da face de uma moeda que, do outro lado, tem um alcance mais espiritual que é a ressureição e o seu papel iniciático e liturgico,no mundo ideal de Platão. (Chevalier & Gheerbrant, 1982)
A Fada Amarela fugiu! Sim ela fugiu para longe e foi então refugiar-se junto às abelhas pois sabia como elas são prudentes e ao mesmo tempo laboriosas no seu atelier, a colmeia, sublimando o pólen das flores em mel imortal.
As duas amigas da nossa história procuram então a Fada Amarela, que fugindo do Génio do Gelo se refugiou na Ilha das Quatro Estações. Sem a Fada Amarela e das suas outras companheiras "O país das fadas continuava gelado e cinzento até as sete Fadas serem encontradas e voltarem para lá."
Será que Cristina e Raquel conseguem encontrá-la? Bom, para isso terão que ler, até ao fim, o livro de Daisy Medows, da Editora Verbo, e provar o mel bafejado com pó mágico... Contudo, será bom precaverem-se dos duendes do Génio do Gelo pois as suas maldições são fortes e frias...

Bibliografia
CHEVALIER&GHREERBRANT (1982) Dicionário dos Símbolos. Lisboa, Editorial Teorema

28 março, 2009

O que Darwin escreveu a Deus


Autor: José Jorge Letria
Editora: Oficina do Livro
Ano: 2009



Esta obra epistolar inicia-se com uma “Carta nada imaginária para o leitor deste livro” (p.7) e encerra com a “Carta do Autor a Deus” (p.147), definindo, por isso, uma trajectória em que a comunicação se concretiza de forma ascendente e define uma linha de reflexão, que parte da criação de uma ambiência em que o Leitor é focalizado como alguém que tem de ser esclarecido sobre algum conteúdo da ficção, até outro lugar onde a figura do Autor assume um papel preponderante numa confessional busca do sentido Metafísico.
Assim sendo, o Autor assume um papel magistral e as epistolas que enchem o coração do livro, mais não são que os pontos de (des)conexão que a sua capacidade reflexiva e modo crítico de olhar o Mundo engendraram para dar a ver aos outros personalidades que se demarcaram na historicidade humana pela transgressão, sofrimento, capacidade empreendedora e singularidade e uma ou outra simplesmente imaginada como metáfora do inconformismo, do humor construído para a aceitação do (quase) inaceitável.
Não seria, por isso, necessário revelar as grandes linhas semântico-interpretativas que sustentam a prevalência dos valores ético-morais - “que não podiam deixar de morar, algures, no coração destas cartas” (p.9) - para as sentirmos na transversalidade da leitura, associadas ao poder singular de reflectir e de intervir pelo domínio da Palavra.
“O que Darwin escreveu a Deus” é um livro que dinamiza a vontade de revisitar toda a obra literária do mesmo autor, onde encontramos sempre um espaço privilegiado para construirmos ou reavivarmos Conhecimentos e nos deliciarmos com uma escrita que conduz a mundos onde as personagens são nossas conhecidas, mas agem de encontro ao despertar de algumas consciências adormecidas.


Teresa Macedo

12 março, 2009

O Guarda-Rios (Gailivro)

As ilustrações apareceram bem longe no tempo, quando os egípcios inventaram os rolos de papiro e hoje em dia elas fazem parte de quase toda a nossa vida contemporânea, desde as revistas, passando pelos jornais até aos ecrãs de computador! Contudo, no que diz respeito às ilustrações dos livros para a infância, elas preenchem mais do que a mera função de ilustrar um texto. Elas pretendem sim, ir mais além e iluminar (Goodwin, 2008) as palavras, interpretando-as e muitas vezes substituindo-as, como será o caso dos Álbuns para a infância.
Estes, no dizer de Nodelman (1988) são livros que pretendem comunicar uma história " (...) through a series of many pictures combined with relatively slight text or no text at all (...)".
No livro, que agora estamos a dar-vos a conhecer, estas ilustrações saltam definitivamente para um plano superior, elas têm como objectivo pôr-nos em contacto com o inesperado, com a surpresa e com a ambiguidade, através das cores que nos aquecem, do desenho que salta a centralidade da página e se espalha pela borda da mesma e ainda pelo enquadramento que nos obriga a procurar sentidos, entre um desenho e outro.
O texto de Eugénio Roda apresenta-se despojado de todos os excessos verbais manifestando-se portanto contido nas palavras mas não na profusão de ideias que manifesta sobre a criação do mundo e da vinha. As ilustrações de Cristina Valadas conseguem fazer passar o sentimento e a atmosfera dessa mesma revolta criação, feita de vermelhos, amarelos, laranjas e dos respectivas matizes e tons que de uma maneira subtil interagem, quer com o desenho dos ramos da vinha a florir, quer com o texto onde " No princípio, tudo o que imaginamos verde...era vermelho. Terra de fogo queria ser azul (...)".
Bibliografia
NODELMAN,P. (1998) Words about Pictures: The narrative Art of Children's Picturebooks.Athens, GA, and London:University of Georgia Press
GOODWIN, P. (2008) Understanding Children's Books: A Guide for Education Professionals. London:Sage

27 fevereiro, 2009

Derivas de Fevereiro

Um tema refrescante em tempo de perturbações...na escola...
Para ir, ouvir e para participar com imaginação!

21 fevereiro, 2009

Autor: Raquel Méndez Ilustrador: Helga Bansch

OQO Editora

Maravilhosamente bem contado e ilustrado, este album (picture story book) para a infância partilha aquilo a que Barthes chamou um texto semiótico. Cada página constitui-se como uma entidade própria que discute a narrativa visual dentro de um quadro significativo, que foca a habilidade para comunicar empáticamente através das cores, formas, planos visuais e texto.
Este, pequeno, feito de frases curtas e simples é ladeado por estas ilustrações de Helga Bansch que se tornam elas próprias uma espécie de escrita pelo significância proporcionada e são "a kind of speech for us ... even objects will become speech, if they mean something"(Cotton, 2000:50).
A beleza pictórica das ilustrações são uma porta aberta para uma experiência frutífera, permanente e vivencial do amor pelos livros e pela leitura, bem como de uma apreciação estética da literatura e da arte através do estilo e do extraordinário vocabulário imagístico. A ênfase posta nos objectos importantes da narração - por exemplo, o caldeirão e o lobo - misturam - se com o tamanho dos caracteres impressos formando um todo indissociável e de inesgotável beleza visual.
As noções de amizade, solidariedade, espírito de inter-ajuda e partilha estarão também subjacentes e subtilmente entranhados nesta história tradicional que, como não podia deixar de ser, tem o lobo como principal alvo a abater.


" Com o lume na cauda e o rabo encarnado,
o lobo saiu da casa a gritar...
e assim está o conto acabado
para o lobo nunca mais voltar."

15 fevereiro, 2009

X SALÃO DO LIVRO INFANTIL E JUVENIL

De 1 de Fevereiro ao 15 de Março de 2009, o Salão do Livro Infantil e Juvenil está patente em Pontevedra, Galiza. O amor é o tema que centra, este ano, o evento e Portugal foi o país convidado para expôr os seus livros, as suas ilustrações e os seus escritores.
Exposições, conferências, actividades diversas e sobretudo muita literatura enriquecem o programa desta edição que conta também com a participação massiva de todas as crianças das inúmeras escolas que constituem este grande município, numa festa que se pretende de incentivo e promoção da leitura
QUEM AINDA NÃO FOI A PONTVEDRA AQUI FICA O CONVITE, POIS O TRABALHO DESENVOLVIDO MERECE O APLAUSO DE TODOS OS QUE SÃO AMANTES DO LIVRO, DA LEITURA, DAS CRIANÇAS E DOS JOVENS!

19 janeiro, 2009

Biblioteca de Livros digitais

Foi criada a Biblioteca de Livros Digitais (BLD), cujas obras reúnem diversas vertentes que tornam a leitura particularmente apelativa, convidando os leitores a transformarem-se em escritores ou ilustradores e a partilharem as suas produções com os cibernautas inscritos na Biblioteca dos Livros da Malta. Neste momento, a BLD disponibiliza nove obras para diversas faixas etárias, desde o pré-escolar até à idade adulta, e está previsto que sejam disponibilizadas mais 35 durante o próximo semestre.Além da leitura, cada obra apresenta vários “extras”, nomeadamente: cinema de animação, vídeo e áudio; uma apresentação animada das personagens principais; comentários de autores e ilustradores; uma leitura dramatizada da história; e, no final do livro, há um espaço que pode ser utilizado para escrever ou ilustrar, criando uma versão personalizada. Através do registo na Biblioteca dos Livros da Malta, os leitores podem, ainda, enviar e-mails aos restantes membros da comunidade virtual, recomendando livros e divulgando os textos que escreveram.Nesta fase, a prioridade vai ser dada às obras destinadas às crianças entre os cinco e os sete anos e, de acordo com o Ministério da Educação, “o grande objectivo deste projecto, que envolve o Centro de Investigação para as Tecnologias Interactivas, o Plano Nacional de Leitura, a Rede de Bibliotecas Escolares e o Plano Nacional de Ensino do Português, é a criação de um instrumento que promova a leitura, tirando partido da natural apetência que os mais jovens têm pelas novas tecnologias”.
(notícia publicada no site do Ministério da Educação)

14 janeiro, 2009

O Meu Pequeno Coração


Uma história visual é uma sequência de imagens que exige, da parte do leitor, relações entre os objectos e depois o desenho das inferências necessárias à sua compreensão.
Desde muito pequenas que as crianças conseguem fazer este feito notável o que permite aos ilustradores um largo espaço de manobra, para poderem exercer a sua criação, em todo o seu potencial.
Parte do acto de ler é saber que os primeiros estádios de uma história requerem dos leitores uma tolerância à incerteza do que vai acontecer. À medida que a história se desenrola somos confrontados então, com técnicas narrativas que estabelecem ligações entre os factos, que à partida seriam impossíveis de ligação e então, pela força dessas mesmas técnicas, somos levados a reconsiderar a informação e a reformular as nossas perspectivas.
Goodmann (1954:102) dizia a este propósito que " Stories have an overall structure: in the beginning anything is possible; in the middle things become more probable; in the ending everything is necessary" .
De facto, é no final que se joga toda a história, que se decide se se quer tornar a lê-la ou se se vai colocá-la, na estante, para sempre. No caso das histórias por imagens esta decisão é condicionada pela posição e tamanho das personagens, pela centralidade ou marginalidade onde se colocaram, pela perspectiva gráfica (dimensional ou tridimensional) e pela ausência ou presença de horizontes credíveis. Uma súbita ausencia de horizonte pode significar perigo, o que não é o caso desta história onde o horizonte está bem delineado na capa, perto do sol que também tem a forma de coração!
Estes e outros factores, como sejam a moldura que circunda a imagem, que permite a identificação com o mundo dentro e fora da história são sugestionadores da aceitação ou negação do todo criado (história). Em O Meu Pequeno Coração a moldura providencia um espaço temporal e espacial que são o mesmo: o coração. Tudo gira à volta dele e da sua cor (rosa, vermelho, laranja) e à volta das expressões corporais das personagens que sugerem subtilmente os mundos possíveis reais das molduras afectivas quotidianas.