As ilustrações apareceram bem longe no tempo, quando os egípcios inventaram os rolos de papiro e hoje em dia elas fazem parte de quase toda a nossa vida contemporânea, desde as revistas, passando pelos jornais até aos ecrãs de computador! Contudo, no que diz respeito às ilustrações dos livros para a infância, elas preenchem mais do que a mera função de ilustrar um texto. Elas pretendem sim, ir mais além e iluminar (Goodwin, 2008) as palavras, interpretando-as e muitas vezes substituindo-as, como será o caso dos Álbuns para a infância.
Estes, no dizer de Nodelman (1988) são livros que pretendem comunicar uma história " (...) through a series of many pictures combined with relatively slight text or no text at all (...)".
No livro, que agora estamos a dar-vos a conhecer, estas ilustrações saltam definitivamente para um plano superior, elas têm como objectivo pôr-nos em contacto com o inesperado, com a surpresa e com a ambiguidade, através das cores que nos aquecem, do desenho que salta a centralidade da página e se espalha pela borda da mesma e ainda pelo enquadramento que nos obriga a procurar sentidos, entre um desenho e outro.
O texto de Eugénio Roda apresenta-se despojado de todos os excessos verbais manifestando-se portanto contido nas palavras mas não na profusão de ideias que manifesta sobre a criação do mundo e da vinha. As ilustrações de Cristina Valadas conseguem fazer passar o sentimento e a atmosfera dessa mesma revolta criação, feita de vermelhos, amarelos, laranjas e dos respectivas matizes e tons que de uma maneira subtil interagem, quer com o desenho dos ramos da vinha a florir, quer com o texto onde " No princípio, tudo o que imaginamos verde...era vermelho. Terra de fogo queria ser azul (...)". Bibliografia
NODELMAN,P. (1998) Words about Pictures: The narrative Art of Children's Picturebooks.Athens, GA, and London:University of Georgia Press
GOODWIN, P. (2008) Understanding Children's Books: A Guide for Education Professionals. London:Sage