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17 julho, 2007

Género, Nação e Cidadania na Literatura Infanto-Juvenil

Thereza Christina Vianna Ferreira defende dia 19 de Julho, pelas 10h30, a sua dissertação de Mestrado em Estudos da Criança - Análise Textual e Literatura Infantil subordinada ao tema Rupturas e Continuidades na Representação de Género, Nação e Cidadania: Exemplos da Literatura Infanto-Juvenil Portuguesa.

O júri é composto pelos seguintes elementos:
Prof. Doutor Fernando Azevedo (Universidade do Minho)
Prof.ª Doutora Joana Passos (Universidade do Minho)
Prof. Doutor José António Gomes (Escola Superior de Educação do Porto)
Local: Sala de Actos do Conselho Académico - CP2 - Campus de Gualtar
A entrada é livre.

Literaturas Pós-Coloniais para a Infância em destaque

Elsa Sousa Faria defendeu hoje, em provas públicas, a sua dissertação de Mestrado em Estudos da Criança - Análise Textual e Literatura Infantil subordinada ao tema A Fonte e a Foz. Percursos Pós-Coloniais das Literaturas Africanas em Língua Portuguesa para Crianças e Jovens.

O júri foi composto pelos seguintes elementos:
Prof. Doutor Fernando Azevedo (Universidade do Minho)
Prof.ª Doutora Maria de Fátima Albuquerque (Universidade de Aveiro)
Prof.ª Doutora Cláudia Sousa Pereira (Universidade de Évora)

Promoção Cultural e Mediação em Bibliotecas

Maria Helena Coelho e Silva defendeu ontem, em provas públicas, a sua dissertação de Mestrado em Estudos da Criança - Análise Textual e Literatura Infantil subordinada ao tema Práticas de Promoção Cultural e de Animação. Uma Experiência de Mediação em Contexto de Biblioteca Itinerante.
O júri foi composto pelos seguintes elementos:
Prof. Doutor Fernando Azevedo (Universidade do Minho)
Prof.ª Doutora Judite Zamith-Cruz (Universidade do Minho)
Prof.ª Doutora Otília da Costa e Sousa (Escola Superior de Educação de Lisboa)

14 julho, 2007

Ensinar a ler com histórias infantis

Tal como aos navegadores do século dezasseis lhes era pedido que soubessem ler as estrelas, aos navegadores de hoje, que se debatem imersos no manancial de informação que os rodeia, lhes é pedido que não só saibam descodificar as mensagens mas que, sobretudo, saibam perceber significados por detrás dos enunciados orais, escritos, visuais, etc...
Nesta ordem de ideias ler é compreender; ler é traduzir em pensamentos os sons das letras e palavras; ler é construir sentimentos e perceber emoções, enfim ler é sobretudo interpretar a vida ao sabor das letras...
Mas se ler é tudo isto, o que fazem as nossas crianças quando começam a aprender a ler?
Nesta altura, de fim de ano lectivo, podemos passear pelos livros de iniciação à leitura do 1º ciclo do ensino básico e parar para pensar! É isto mesmo que eu quero ensinar?! É desta forma que eu quero que os meus alunos tenham contacto com a linguagem escrita?
As alternativas são possíveis e esta nós vos propomos: "As Letras falam" de Rafael Cruz-Contarini e ilustrado por Maribel Suarez da Everest Editora.
Estas letras que falam, dizem-nos:
Sou o F de festa e de fonte
e eu o A de água e de abrir
este é o C de céu e cereja
aquele o V de vaca e Vladimir.

09 julho, 2007

A escrita de Mário Castrim para a Infância e Juventude

Maria de Fátima Campos defende na 3ª feira, dia 10 de Julho, pelas 10h, a sua dissertação de Mestrado em Estudos da Criança - Análise Textual e Literatura Infantil, subordinada ao tema: Encantar para Ler. A Escrita de Mário Mário Castrim para a Infância e Juventude.

Local: Sala de Actos do Conselho Académico - CP2 - Universidade do Minho (campus de Gualtar, Braga)
Júri:
Prof. Doutor Fernando Azevedo (Universidade do Minho)
Prof. Doutor Carlos Cunha (Universidade do Minho)
Prof. Doutor José Cândido Martins (Universidade Católica Portuguesa)
A entrada é livre.

O Último Grimm: descoberta, participação e fruição do objecto literário





Texto: Álvaro Magalhães
Ilustração: Pedro Pires
Editor: Edições Asa
Colecção: Romance Jovem
ISBN-13: 9789724150789
Ano de Edição: 2007
Aconselhado: a todos os que querem um verdadeiro momento de fruição e de partilha de emoções.



Corria o ano 1951, quando um belo dia, envolto nos braços carinhosos da mãe, um menino, nascido no Porto, via pela primeira vez o mundo. Deram-lhe o nome de Álvaro. Ainda pequeno e já às voltas com as letras, achou que lá mais para frente poderia ser escritor e, um dia, depois de muitos anos de trabalho, apelidou-se de “Brincador”, recusando tudo o que o afastasse da magia da palavra trabalhada.
No início dos anos 80, o homem que já sabia brincar no enredo das palavras, estreou-se como um escritor assumido, e em 1982 lançou o seu primeiro livro para crianças Histórias com muitas letras. As letras foram-se juntando numa tecedura árdua e diária, o que lhe permitiu um lugar no pódio literário e ter hoje uma obra referencial para o leitor infantil e juvenil, onde o apelo à imaginação, ao sonho e ao ser são uma constante.
Álvaro Magalhães é portanto o autor da genuína militância no cumprimento da hegemonia literária, o que torna os seus princípios autorais intensamente fortes quer ao nível da intertextualidade, quer ao nível das leituras plurissignificativas que, segundo Wolfgang Iser (Cf. 1997) provocam momentos de verdadeiros desafios interpretativos e de fruição no leitor que se propõe descobrir, alicerçando uma adequada preparação para momentos do seu crescimento intelectual e psicológico.
Todos sabemos o quanto já é significativo o património literário deste escritor bem português, que conhece como poucos os desejos e anseios dos mais jovens – relembre-se a obra dramática Todos os Rapazes são Gatos (2005, 1ª Ed. Asa) ou ainda Hipopóptimos uma história de amor (2001, 1ª Ed. Asa), vencedora em 2002 do Grande Prémio Gulbenkian de Literatura Infantil para o melhor texto literário publicado no biénio 2000 e 2001, para não comentar os textos poéticos, que são de uma solenidade e entrega únicas onde se lêem a nostalgia da infância e a essência do ser –.
Sabemos, pois, que as consubstanciadas linhas ideotemáticas que advêm da obra narrativo-poética do autor elegem o indivíduo enquanto ser em descoberta – de si mesmo e do outro – que num processo de adaptação ou inadaptação social, procura a resposta mais adequada às suas solicitações.
As imagens do crescimento do indivíduo, enquanto sujeito em iniciação, na defesa da sua própria demanda individual e/ou colectiva; a detecção do pueril (no seu estado de magnificência absoluta); a obtenção da felicidade/infelicidade; a fruição da essência do belo; do efémero, e da própria essência da vida constam da preocupação autoral e constituem um permanente registo da sensibilidade literária de Álvaro Magalhães.
Devo salientar o carinho especial com o qual li e “namorei” O Último Grimm, e o quanto me foi gratificante sentir a majestade da escrita deste autor que nos dá a ler, mais uma vez, o verdadeiro sentido da sensibilidade, da reminiscência, da lembrança que nos ficou de outras leituras. Claro que o apego afectivo que tenho pela Ilha do Chifre de Ouro – a primeira do autor pertencente à «Colecção Jovem Romance», lançada pelas Edições ASA em 2004, cuja 1ª edição é da Dom Quixote e data de 1998 – é notório para quem conhece as linhas orientadoras do meu trabalho, pois considero-a uma narrativa de uma elevadíssima qualidade literária, o que a destaca ao nível das narrativas referentes ao acervo literário da literatura Infanto-Juvenil em Portugal para jovens leitores.
O Último Grimm, a segunda obra do autor para esta colecção, revela-se como uma obra estético-literária de fruição e, por isso mesmo, como uma nova obra onde o desafio interpretativo se regista, logo de imediato desde a excelente ilustração de Pedro Pires e do título da capa. Desde logo, parece ser necessário considerar o maravilhoso e o fantástico como os principais tópicos desta narrativa e antever a história de um herói: William Zimmer, que a partida é da descendência dos irmãos Grimm.
A participação do herói obriga-nos a entender a missão a cumprir não deste lado, onde vivem também duendes e fadas, mas do outro lado, na terra do «Povo das Histórias» (Cf. Magalhães, 2007: 209-331). Ora, assim sendo, tempo e espaço vão balizar-se entre as noções do transformável – pelo acesso ao outro lado – e as ideias do empírico-factual, postas de parte. Assim, rejeitadas a homogeneidade e isomorfia do espaço, bem como a ideia matemática que o reduz a uma massa convencional e limitativa, e tomadas em consideração as diferentes investidas do herói num tempo entendido como uma medida física absolutamente relativa, é possível participar na aventura de William e contar partes da sua história.
A beleza emergente da terra do «Povo das Histórias», por onde William vai andar, revela-se na plenitude de uma tela verbalmente criada a partir de certeiras pinceladas coloridas, cujos significados simbólicos delineiam os traços representativos do ad infinitum que, por sua vez, reclama a fórmula hipercodificada do “Era uma vez” como entidade fictícia, ou não, do intemporal.
Em O Último Grimm, o mundo tido como empiricamente “normal” e o mundo do irreal e do contrafactual, que é o das personagens dos contos maravilhosos e fantásticos: bruxas, fadas, duendes, ogres, dragões alados, e mais concretamente, do Gato das Botas, do Peter Pan, do Joanica-Puff, da Rainha de Copas, entre outras criadas pelo imaginário autoral, não obriga ao aparecimento de uma linha divisória restrita e confinada ao medível e irrefutável para a compreensão da história. Basta querermos considerar a nossa realidade e considerar simultaneamente uma outra realidade que é mágica.
Se também nesta obra, Álvaro Magalhães destravou o ferrolho da porta que impedia um entendimento entre essas duas realidades e permitiu que ambas as realidades temporais e espaciais fossem das nossas percepções, deixemos que o sonho e o imaginário instiguem em simultâneo fantasia e realidade e que o leitor se deixe conduzir, desfrutando da aventura do herói.
Para que a aparição dessa realidade do para-além e do contrafactual se tornasse harmoniosa, a experiência do espaço e do tempo fez-se, desde o início da narrativa, no traçado de uma linha paralela. Relembre-se, aqui a surpresa de William quando se deparou com os dois duendes que «brincavam animadamente enquanto bebiam água» (2007: 17) no jardim da quinta. Pensemos ainda no espanto da personagem quando, já na terra das histórias, compreendeu que o tempo é efectivamente uma velocidade relativa capaz de baralhar os ponteiros do um relógio “normal” e confundir a própria noção estereotipada que temos do tempo e que se no nosso lado vale uma hora, na terra do «Povo das Histórias», isto é, no «outro lado» vale o dobro ou o triplo (Cf., 2007: 212; 327).
Numa mão sonhos, e na outra um convite para a aventura da leitura pluri-isotópica, o autor entregou o fruto da sua imaginação criadora a um público-leitor que procura, nas várias prateleiras, obras onde a supremacia de uma enunciação discursivo-imagética possa surpreendê-lo.
Só nos cabe, enquanto leitores atentos, jovens ou menos jovens, tecer um elogio ao autor por permitir que fantasia, maravilhoso e imaginário sejam os ícones do simples e do belo, integrando-os nos assuntos de mesa.
Ousemos, então, um BEM-HAJA a este grande escritor que sabe ter a responsabilidade de encantar e motivar e não se coíbe em fazê-lo; um aplauso a todos os jovens leitores que sabem reflectir sobre as suas múltiplas responsabilidades e que, levantando os olhos, olham em frente, tal como as muitas personagens que povoam o Último Grimm, sobretudo William e Peter Zimmer; e um agradecimento aos educadores e pais que, pela partilha, irão participar das aventuras de heróis já esquecidos. Este é, sem dúvida, um livro recheado de emoções, onde as noções do belo, da responsabilização e consequentes tomadas de consciência, nos mostram o quanto os nossos meninos e adolescentes procuram valores de definição nas suas tarefas.



Referências bibliográficas:


ISER, Wolfgang (1997). L’acte de lecture. Théorie de l’effet esthétique. Belgique: Pierre Mardaga éditeur [Ed. Original : West Germany: Wilhelm Fink Verlag, 1976].


Gisela Silva.