Autor: José Jorge Letria
Ilustrador: Daniel Silvestre da Silva
Ano: 2007
Ilustrador: Daniel Silvestre da Silva
Ano: 2007
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-71896-9
Este texto, obedecendo ao princípio da ficcionalidade, executa a construção biográfica de Espinosa, filósofo de “muitas ideias” (Letria, 2007:5) e polidor de lentes, potenciando a compreensão de um conjunto de valores que, subtilmente, emergem através dos matizes semióticos que vão elaborando uma “grande vida”, levando as crianças a ter oportunidade de contactar com um dos grandes vultos da modelização da humanidade.
Atendendo aos destinatários preferenciais, o enfoque projectado no pardal enunciado no título da obra atende aos ambientes cognitivos dos seus leitores, preparando-os para a observação atenta que este mediador gnoseológico delineará. Com efeito, encontramo-lo no decurso de toda a narrativa, tomando a seu cargo o desenho do perfil de Bento Espinosa, dando conta da sua trajectória existencial e das rotinas simples que compõem o quotidiano deste pensador. O dialogismo que se efectua entre estes dois seres, em muitos momentos, demarca a compatibilidade entre os representantes de universos diferentes que se entrecruzam, complementam, solidarizam na necessidade introspectiva e comunhão ideológica que preenche as diversas situações de solidão e de rejeição vividas pela personagem principal. “Espinosa não gostava da rigidez e da intolerância dos chefes espirituais daquela comunidade e nunca o escondeu” (Letria, 2007:18); o pardal era “livre, rebelde e incapaz de ter dono” (Letria, 2007:8).
O carácter lúdico associado à construção ficcional desta biografia importa substancialmente, pois permite que as crianças possam alicerçar o gosto pela cultura e pela filosofia reflexiva, fundamentando um saber inscrito na observação crítica da realidade onde o lugar para exercitar as questões que circunscrevem o entendimento do mundo se faz com graciosidade. Os vectores ideológicos deste herói que nunca “parava de pensar em Deus, na Natureza e no Homem” (Letria, 2007:24) e que entendia que “a compreensão do mundo é um problema de geometria” (Letria, 2007:28) são traçados nesta interlocução harmoniosa.
O espírito abnegado, a vida misteriosa e intuitiva constroem o herói que por meio de severas austeridades e meditação atinge a sabedoria que o faz receber “a visita de figuras ilustres do seu tempo, desde filósofos de outros países” (Letria, 2007:30) e pressentir que a hora da “fama e da imortalidade iria chegar, embora ele já não estivesse vivo para a desfrutar” (Letria, 2007:30).
Se houve pessoas que temeram “os ventos de liberdade e de mudança” (Letria, 2007:37) preconizados na obra filosófica de Espinosa, creio que a construção ficcional desta biografia destinada aos mais novos é a garantia de que essa “nova forma de pensar o mundo, a religião e a vida” (Letria, 2007:37) se perpetuará.
Teresa Macedo
ISBN: 978-972-0-71896-9
Este texto, obedecendo ao princípio da ficcionalidade, executa a construção biográfica de Espinosa, filósofo de “muitas ideias” (Letria, 2007:5) e polidor de lentes, potenciando a compreensão de um conjunto de valores que, subtilmente, emergem através dos matizes semióticos que vão elaborando uma “grande vida”, levando as crianças a ter oportunidade de contactar com um dos grandes vultos da modelização da humanidade.
Atendendo aos destinatários preferenciais, o enfoque projectado no pardal enunciado no título da obra atende aos ambientes cognitivos dos seus leitores, preparando-os para a observação atenta que este mediador gnoseológico delineará. Com efeito, encontramo-lo no decurso de toda a narrativa, tomando a seu cargo o desenho do perfil de Bento Espinosa, dando conta da sua trajectória existencial e das rotinas simples que compõem o quotidiano deste pensador. O dialogismo que se efectua entre estes dois seres, em muitos momentos, demarca a compatibilidade entre os representantes de universos diferentes que se entrecruzam, complementam, solidarizam na necessidade introspectiva e comunhão ideológica que preenche as diversas situações de solidão e de rejeição vividas pela personagem principal. “Espinosa não gostava da rigidez e da intolerância dos chefes espirituais daquela comunidade e nunca o escondeu” (Letria, 2007:18); o pardal era “livre, rebelde e incapaz de ter dono” (Letria, 2007:8).
O carácter lúdico associado à construção ficcional desta biografia importa substancialmente, pois permite que as crianças possam alicerçar o gosto pela cultura e pela filosofia reflexiva, fundamentando um saber inscrito na observação crítica da realidade onde o lugar para exercitar as questões que circunscrevem o entendimento do mundo se faz com graciosidade. Os vectores ideológicos deste herói que nunca “parava de pensar em Deus, na Natureza e no Homem” (Letria, 2007:24) e que entendia que “a compreensão do mundo é um problema de geometria” (Letria, 2007:28) são traçados nesta interlocução harmoniosa.
O espírito abnegado, a vida misteriosa e intuitiva constroem o herói que por meio de severas austeridades e meditação atinge a sabedoria que o faz receber “a visita de figuras ilustres do seu tempo, desde filósofos de outros países” (Letria, 2007:30) e pressentir que a hora da “fama e da imortalidade iria chegar, embora ele já não estivesse vivo para a desfrutar” (Letria, 2007:30).
Se houve pessoas que temeram “os ventos de liberdade e de mudança” (Letria, 2007:37) preconizados na obra filosófica de Espinosa, creio que a construção ficcional desta biografia destinada aos mais novos é a garantia de que essa “nova forma de pensar o mundo, a religião e a vida” (Letria, 2007:37) se perpetuará.
Teresa Macedo
5 comentários:
Hello. This post is likeable, and your blog is very interesting, congratulations :-). I will add in my blogroll =). If possible gives a last there on my blog, it is about the Impressora e Multifuncional, I hope you enjoy. The address is http://impressora-multifuncional.blogspot.com. A hug.
Olá!
No que toca à ilustração, algumas destas sofreram alguns cortes e alterações cromáticas que são naturais na produção, mas que deixam o ilustrador mais inexperiente com a sensação de que algo se perdeu.
Por isto, coloquei online algumas das ilustrações, embora não as mais injustiçadas, mas as de que mais gosto.
http://danielsilvestredasilva.blogspot.com/2008/03/o-pardal-de-espinosa-directors-cut.html
Abraço
Quero dizer ao Daniel Silvestre que me sinto muito satisfeita com a sua vista a este texto (ou blogue). Já pude observar as outras imagens que refere e está de parabéns por ter interpretado pictoricamente um livro de conteúdo pouco frequente na literatura infanto-juvenil e dessa forma ajudar os pequenos leitores a aceder ao sentido textual.
Chama a atencion neste livro de JJ Letria,tamben as ilustrações de David Silvestre, essa bela estampa, dos apaixonados compartilhando uma letura, baixo o belo naranjo prenhe de frutos, essas laranjeiras que enamoram em Portugal, bela imagem cheia de colorido.
Por outra parte a Professora Teresa Macedo, experta na obra de Letria, esmiúça o verbo, partindo do tudo, para a minima expresion,cirurgiã da linguistica, TM " O dialogismo que se efectua entre estes dois seres, em moitos momentos, demarca a compatibilidade entre os representantes de universos diferentes que se entrecruzam, complementa,solidarizam uma necesidade introspetiva" não é de extrañar esse paralelismo.
Outro livro mas de JJ Letria para os jovenes e não tão jovenes, ¿Qual sera o seguinte? deste prolifico e polifacetico escritor
Obrigada pelas observações. O livro seguinte será sempre mais um que que possua o conteúdo necessário para fazer de um momento de leitura "o instante de valer a pena parar para ler"!Abraço.
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