2007/2008
Recensão Crítica
“Sobre o Último Grimm …”
O Último Grimm, de Álvaro Magalhães é a 2ª obra da colecção “Romance Jovem” editado pela ASA Editores, em 2007, que nos transporta para dois mundos diferentes: o nosso mundo (considerado normal) e um mundo irreal, de fantasia e imaginação. Povoado de criaturas mágicas esse “Outro Lado” tem, nesta história, a responsabilidade de revelar o confronto entra o Bem e o Mal.
Esta obra, bem como todas as histórias fantásticas, faz uso da uniformidade própria deste género de narrativa, sem cair, contudo, na repetição e na falta de criação estética.
Habituado ao estilo literário do escritor, justo será afirmar que, mais uma vez, Álvaro Magalhães consegue surpreender-nos chamando à cena personagens resolutas e envolventes. Assim, oriundos da sempre agitada cidade de Londres chegam-nos os irmãos William e Peter Zimmer descendentes dos célebres e bem conhecidos irmãos Grimm.
Não pense o leitor que se vai deparar com uma história cujo contexto histórico e social se baseia nas ideologias do século XIX (embora assim o pudesse ser). Aqui, estamos em pleno século XXI, onde as aventuras se vão passar na Cornualha, em Inglaterra, na Quinta da Pedra Azul e no Mundo das Histórias, que está do “Outro Lado”.
William Zimmer é, de todos, aquele que consegue ver as criaturas que vivem do “Outro Lado”, mas que de vez em quando, visitam os nossos jardins e cidades. A princípio, confuso com tudo aquilo, William renega o que lhe está a acontecer, mas depois, vai se habituando à ideia de que tem, de facto, um dom e uma missão a cumprir porque ele é o Último dos Grimm. Que tem, então de fazer William? Nada de fácil. Esta é, sem dúvida, a resposta!
William é, contudo, um rapaz muito corajoso, persistente, curioso, destemido e fiel aos seus deveres, portanto, sabe que tem de dar o pulo para o “País das histórias”, onde encontrará várias personagens das histórias de encantar, como o Gato das Botas, Winni the Pooh, a Rainha de Copas, entre outros. Todas estas personagens estão em perigo e William tem de actuar rapidamente para salvá-las, inclusivamente, a princesa Ariteia que foi transformada numa bela estátua de pedra e, por isso, privada de vida.
Do “Outro Lado”, enfrentando as trevas do mundo da Criança Terrível, o nosso herói vive as maiores aventuras. Ciente de que tem de triunfar, este jovem empreendedor, com a ajuda dos membros do “Clube dos Amigos das Criaturas” e dos duendes, vence a Criança Terrível e volta a “dar vida” a todas as histórias do passado, onde se podem revisitar os valores ético-morais ligados ao Bem.
O Último Grimm é, sem dúvida, uma obra a ler, recomendada para todas idades.
Aventuras, desafios, medos, receios, mistérios são momentos presentes nesta narrativa onde não se deixam de ler sentimentos de altruísmo, coragem, solidariedade, amor, dedicação e respeito.
Deixamos aqui, o nosso bem-haja a este autor que desde sempre soube e quis encantar os leitores de várias idades.
Trabalho realizado pelo aluno Paulo Silva, do 8º A e corrigido, em trabalho de reescrita colectiva, pela turma.
2007/2008
Trabalho de reescrita a partir da obra Contos da Mata dos Medos, de Álvaro Magalhães
A Nova Viagem do Caracol
O Caracol preparou a mala com tudo o que foi necessário para a viagem. Colocou uma lanterna, um saco-cama, entre outros utensílios.
E lá foi ele para a sua viagem em busca do Lugar Encantado.
Pelo caminho pôs-se a pensar:
– Se ir para esse lugar é não ir a lado nenhum em especial, tal como eu disse ao Ouriço, então se eu acho que devo ir pela esquerda, é porque devo ir pela direita.
E foi pela direita, fazendo isto todo o dia até anoitecer.
– E agora? – perguntou ele a si mesmo.
– Estou muito cansado, preciso de descansar. Mas onde poderei eu dormir? – perguntou a si mesmo o caracol.
De repente começou a chover.
– Não posso acreditar! – exclamou o caracol – e logo eu que não gosto de me molhar! E agora aonde para onde é que vou, caramba? – perguntou o caracol todo aborrecido.
Mas logo de seguida reparou que ali mesmo a frente dele, havia um formigueiro.
– Que sorte. – disse ele todo contente.
E lá foi ele a correr à velocidade veloz de um caracol, claro!
Estava todo molhado e cheio de frio.
– Será que eles me deixam ficar aqui alojado por esta noite? Bem, não custa nada perguntar. – afirmou ele.
E lá foi numa pressa bem aviada.
Mal entrou no formigueiro foi travado por dois guardas que o encostaram à parede. Mas o Caracol escondeu-se na sua casca até os guardas se acalmarem.
– Eu desisto – disse um dos guardas.
– Calma! Eu só quero dormir aqui esta noite, estou todo molhado e muito cansado. Amanhã, bem cedo, saio em busca do Lugar Encantado. – disse o caracol.
Os guardas já cansados acreditaram no caracol e foram falar com a sua Rainha.
O Caracol estava com medo, porque sabia que a Rainha era a maior do formigueiro. Mas quando a viu ficou admirado com a sua altura.
– Que pequena que és! – exclamou ele.
– Não, tu é que és muito grande! – exclamou a Rainha aborrecidíssima com tal reparo.
– Tem toda a razão, desculpe. Posso dormir cá esta noite? – perguntou o Caracol com medo que não fosse aceite.
– Está bem, podes ficar no quarto do meu filho. Mas atenção! Ao menor deslize mando-te prender nas masmorras. – Disse a Rainha.
– OK! – exclamou o Caracol. – Não se preocupe.
E lá foi ele em direcção ao quarto. Quando lá chegou encontrou o filho da Rainha.
– Olá. Eu sou o Caracol. E tu, como te chamas? – perguntou o Caracol.
– Bola de Berlim, mas podes tratar-me por Bolas.
– Bola de Berlim? Que raio de nome! – exclamou o Caracol.
– Nós, as formigas, temos os nomes das nossas comidas preferidas. O nome do meu melhor amigo é Gomas. – disse o Bolas.
– Se fosse assim eu chamava-me o “ Couves”. – riu-se o Caracol.
– Olha lá, sabes onde é o Lugar Encantado na Mata dos Medos? – perguntou o Caracol.
– Nós já não estamos na Mata dos Medos. Isto, aqui, é o Pomar da dona Micas. – disse o Bolas.
– Ai é? – exclamou o Caracol.
– Então tu perdes-te e ficas assim? – perguntou o Bolas
– Sim, porque estou a viver uma nova aventura. – respondeu o Caracol, entusiasmado.
– Não te percebo, mas agora estou com sono e quero dormir. Boa noite Caracol – disse o Bolas
– Boa noite Bolas – respondeu o Caracol.
Quando acordaram foram tomar o pequeno-almoço. Mas o Caracol não gostava muito de bolachas, e por isso, não comeu nada.
Então o Bolas sugeriu que fossem brincar lá para fora.
– Isto aqui é muito bonito! Não sabes onde há couves? Estou cheio de fome! O pequeno-almoço não era lá dos meus preferidos. – disse o Caracol.
– Não gostas de bolachas? Eu gosto muito. – retorquiu o Bolas.
– Prefiro vegetais – afirmou o caracol. – Sou um vegetariano – disse ele num tom de pose estudada.
– Então estás no sítio certo, o Pomar da dona Micas é ao lado da horta do tio Quim.
E foram logo de seguida para a horta.
– Mas tens de ter cuidado com o Rox, um pastor alemão – afirmou o Bolas a estremecer.
– Por que temos de ter cuidado? As ovelhas do pastor atacam? – perguntou o Caracol.
– Não ó nabo! O Pastor Alemão é uma raça de cão. – disse o Bolas.
– O que é um cão? – perguntou o Caracol.
– São animais muito grandes, do tamanho de um arbusto espinhoso, e atacam os animais mais pequenos que eles. A tua a sorte é que ele é ingénuo e pouco inteligente. – disse o Bolas, a estremecer outra vez.
– Mas porque é que dizes que é a minha sorte? Tu não vens comigo? – perguntou o Caracol.
– Achas? Eu não. Ele ainda me come. Mas não te preocupes, se não vieres para o formigueiro ao pôr-do-sol, eu mando uns guardas para te irem resgatar – disse o Bolas.
A fome era tanta que o Caracol, nem pensou no perigo que corria. E lá foi ele em direcção à horta da dona Micas.
Quando lá chegou, estava o Rox a dormitar na sua casota.
– Que sorte! Esta é altura perfeita para eu me consolar, mnhã, mnhã que ricas couves!
Quando o Caracol deu a primeira dentada, o Rox acordou e começou a ladrar, pois tinha farejado algo estranho.
– Quem está aí? – perguntou o Rox a rosnar.
O Caracol tentou esconder-se, mas como era lento não conseguiu. O Rox farejou-o e apanhou-o.
– Quem és tu? E o que fazes aqui? Como te atreves? – perguntou o Rox zangado.
– Sou o Caracol, estava cheio de fome. Como vi muitas couves, pensei que não fazia diferença dar só umas pequenas dentadas. Não foi por mal só queria matar a fome. – respondeu o Caracol cheio de medo.
– Matar a fome? Na minha horta? Não vês que estás a estragar as couves que vão ser servidas no Natal? Eu estou aqui para tomar conta da horta. Tenho ordem para atacar o primeiro intruso que ousar aqui entrar. Dá-me uma boa razão para não te matar. – disse o Rox furioso.
– Porque… Porque… bem se me matares sai um liquido viscoso que é tóxico e pode matar-te. – disse o Caracol tentando safar-se.
– Ai sai? Pois então nesse caso guardo-te numa gaiola para não fugires. – disse o Rox.
– Pois mas muito tempo sem comer faz-me gases e também te podem matar.
– Nesse caso deixo-te aqui sozinho. Tchau! – disse o Rox.
O Caracol ficou sozinho durante muito tempo.
Como o Caracol ainda não tinha voltado, o Bolas pensou que ele corria perigo. Levando dez guardas com ele foi procurá-lo. Mal chegou começaram com a sua missão de resgate, fazendo pouco barulho para não atrair a atenção do Rox.
– Pst! – disse o Bolas tentando ganhar a atenção do Caracol.
– Estou aqui! – gritou o Caracol.
Mas o Caracol gritou tão alto, que o Rox ouviu e foi lá fora ver o que se passava.
– AH AH! Com que então há mais pessoas que querem morrer!
– Por acaso até não! – disse o Bolas
– Se eu fosse a ti não os matava, porque se os matas irá acontecer a mesma coisa que te aconteceria se me matasses. – disse o Caracol.
– Então vou prendê-los contigo – disse o Rox.
– Pois mas se nos prenderes, vêm todas as formigas do formigueiro para os resgatar, e olha que no formigueiro vivem três mil formigas! – exclamou o Bolas.
O Rox, por não saber contar até três mil, pensou que esse número era enorme, e por isso ele ficou muito assustado.
– Pronto estás livre, mas não voltes mais! – disse o Rox furioso.
– Com certeza Rox – disse o Caracol tentando não se rir da ingenuidade do Rox.
Quando foram embora para o formigueiro, pelo caminho, o Caracol viu o Chapim a sobrevoar os céus.
– Chapim! – chamou ele.
O Chapim ouviu o Caracol e desceu, aterrando num ramo de Carvalho.
– Olá Caracol! Como vieste aqui parar? – perguntou o Chapim.
– Vim numa viagem e perdi-me, e o Bolas acolheu-me no seu formigueiro.
– Prazer em conhecer-te Bolas. Eu sou o Chapim – disse o Chapim.
– Muito gosto em conhecer-te Chapim – disse o Bolas.
– Já chega de apresentações! Chapim leva-me para o largo, porque não sei voltar para lá – pediu o Caracol.
– Está bem, mas quando chegarmos contas-me a viagem toda, está bem? – perguntou o Chapim.
– Está bem. Tchau Bolas, foi um prazer conhecer um animal mais pequeno que eu. – disse o Caracol.
– Obrigado, depois anda visitar-me. Tchau! – despediu-se o Bolas.
E lá foi o caracol às cavalitas do chapim para o largo. Pelo caminho o Caracol pensou: Viver no largo é que bom. La isso é que é, Olarilolé!
Pedro Silva, nº 14, 8º A