Este espaço foi, até meados do século XX, um repositório de livros, unicamente, em suporte papel, apelidando Jorge Luis Borges, de um modo afectivo, A Biblioteca de Babel.
Na década de 50 e 60, do século passado, o Mundo assistiu à corrida desenfreada dos EUA e da ex-URSS, pela conquista do espaço (Martins, 2007: 7), o que originou um rápido desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação, surgindo, entre outros, o computador, o videogravador, a cassete vídeo, a cassete áudio, que, no início, tinha um uso militar e científico restrito, após o qual houve uma democratização, a que a sociedade civil teve acesso.
Do ponto de vista pedagógico, a escola viu uma oportunidade de usar esses recursos, pois eram mais aliciantes, potenciando a utilização da imagem e do som, em contexto educativo. Foi o que sucedeu em Portugal quando foi criado, em 1964, o Instituto de Meios Audiovisuais de Ensino, e da Telescola (Carvalho, 2008: 803), que visavam “a elevação cultural da população”.
No que concerne à biblioteca, a informação podia ser guardada em novos suportes (cassete vídeo e áudio), evoluindo, actualmente para o DVD, CD áudio, CD-Rom, assim como o uso da Internet e das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).
Estavam lançadas as bases de um novo conceito de biblioteca, um centro de recursos multimédia de livre acesso, destinado à consulta e produção de documentos em diferentes suportes.
Deste modo, a leitura múltipla que a sociedade da informação privilegia, reflecte, também, a leitura do mundo (Gonnet, 2007: 37), promovendo uma pedagogia da integração dos saberes.
Em Portugal, na década de 90, o conceito de Biblioteca Escolar evolui para o de Biblioteca Escolar/Centro de Recursos Educativos (BE/CRE), com o apoio da Rede de Bibliotecas Escolares, desde 1997, assistindo à implementação destes espaços ecléticos nas escolas do ensino básico e secundário, de modo que a comunidade educativa, em particular os alunos, tenham acesso à literatura e à pesquisa de informação.
Neste contexto, fomenta-se a animação e promoção da leitura de potencial recepção infanto-juvenil, através da instituição de Clubes de Leitura, junto dos alunos, utilizando blogs, para divulgação de material escrito e plástico e de opiniões sobre literatura, organizando feiras do livro, exposições, concursos literários, convidando escritores, como forma de dinamizar a BE/CRE.
O objectivo derradeiro é criar hábitos leitores nos jovens, fazendo da leitura um acto de prazer gratuito, onde o contacto estético com diversos textos e géneros literários os conduza ao sonho, à imaginação (Steiner, 2007: 46), promovendo a criatividade nas suas práticas educativas, a competência literária e a literacia.
Referências bibliográficas:
ECO, Umberto (2002). A biblioteca. Lisboa: Difel.
GONNET, Jacques (2007). Educação para os Media. As controvérsias fecundas. Porto: Porto Editora.
MARTINS, Jorge (2007). Bibliotecas Escolares/ Centros de Recursos Educativos: cânones e promoção da competência literária. Braga: Universidade do Minho.
PROUST, Marcel (2008). Sobre a leitura. Lisboa: Vega.
CARVALHO, Rómulo de (2008). História do ensino em Portugal. Desde a fundação da nacionalidade até ao fim do regime de Salazar-Caetano. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
STEINER, George (2007). O silêncio dos livros. Lisboa: Gradiva.