Durante a leitura da obra, The Most Magnificent Mosque, de Ann Jungmann, o leitor competente e crítico estabelecerá certamente, total ou parcialmente, uma ligação com o tema da diversidade religiosa e cultural e da convivência multicultural.No início do século oitavo os árabes conquistaram o sul de Espanha e a bonita cidade de Córdoba onde construíram uma mesquita que se tornou na segunda maior do mundo islâmico. Nela três rapazes brincaram nos seus magníficos jardins: Rashid, muçulmano, Samuel, judeu e Miguel que era cristão. Quando da reconquista cristã, em 1236, pôs-se seriamente o problema da sua demolição para se construir, em seu lugar uma igreja católica. Os três rapazes, agora adultos, foram ter com o Rei Fernando implorando pela bela Mesquita:
“I am here to plead for our mosque on behalf of all the Christians of Córdoba, cried Miguel.I am here on behalf of all the Jews of Córdoba, said Samuel.And Sire, I speak for the Muslim citizens. Spare our mosque! Cried rashid.”
“I am here to plead for our mosque on behalf of all the Christians of Córdoba, cried Miguel.I am here on behalf of all the Jews of Córdoba, said Samuel.And Sire, I speak for the Muslim citizens. Spare our mosque! Cried rashid.”
No entender de Ralf Darendorf (1996:17), a heterogeneidade constitui o verdadeiro teste à consistência da identidade europeia. Ele acrescenta que “Common respect for basic entitlements among people who are different in origin, culture and creed prove that combination of identity and variety which lies at the heart of civill and civilized societies.”Através de Rashid, Samuel e Miguel podemos referir, como Castells (2003:3), que toda e qualquer identidade é construída e baseada no conhecimento do território vivencial. Contudo, apesar de ser construída a identidade tem uma característica estática e não é imutável pois:“São resultados sempre transitórios e fugazes de processos de identificação. (…) Escondem negociações de sentido, jogos de polissemia, choque de temporalidades em constante processo de transformação, responsáveis em última instância pela sucessão de configurações hermenêuticas que de época para época dão corpo e vida a tais identidades."(Santos, 2002:119)
A identidade é assim compreendida numa dialéctica de igualdade e diferença, proporcionada pela transacção entre texto e leitor que conduz à recriação da identidade do segundo e ao mesmo tempo remete para a textualidade de todas as relações humanas. Como diz Hartman (1980: 271):“We read to understand, but to understand what? Is it the book, is it the object revealed by the book, is it ourselves? (…) yet what we gain is the undoing of a previous understanding. (…) Reading itself becomes the project: we read to understand what is involved in reading as a form of life (…). "
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