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28 novembro, 2006

Clube de Contadores de Histórias

*Projecto: Abrir as portas ao sonho e à reflexão*
Caros Colegas,
Nestes tempos tão apressados, em que não há lugar para a reflexão e em que as preocupações materiais se sobrepõem ao prazer das coisas simples, a leitura de pequenas histórias, repassadas de humanidade e de beleza, pode contribuir de uma forma significativa, para um alargar de horizontes que a sociedade tem querido, por força, restringir às superficialidades e canseiras do dia-a-dia. Da constatação deste facto, nasceu, na Escola Secundária com 3º ciclo do Ensino Básico Daniel Faria – Baltar, o Clube de Contadores de Histórias, com a finalidade de levar às diferentes turmas da referida escola histórias capazes de proporcionarem momentos de diálogo, de reflexão e de sonho, que tão necessários se tornam para a libertação de tensões e para o despertar do gosto pela leitura, da qual andam os jovens de hoje bastante alheados. O projecto teve a adesão entusiasta de bastantes alunos, quer do Ensino Básico quer do Ensino Secundário, que se dispuseram a partilhar com os colegas a sua experiência de descoberta das pequenas histórias e do seu universo de valores. A tolerância e a generosidade, a delicadeza e a rectidão, o respeito pela Natureza, a capacidade de sonhar, são princípios que é necessário inculcar nos jovens, já que tantos se encontram à deriva numa sociedade que diz defender os direitos destes, mas que, na realidade, apenas pretende explorar as suas fragilidades com o fito do lucro. É confrangedor ver-se tantas crianças e adolescentes influenciados por programas televisivos francamente medíocres, quando se poderia optar por propostas de qualidade, capazes de promover os valores da verdadeira cultura, que é aquela que assenta no respeito por si próprio e no respeito pelos outros. Cabe à escola tentar contrariar a vertente massificadora de certa comunicação social, incutindo nos alunos o gosto pela leitura e ajudando-os a crescer em sensibilidade. A violência na escola deve-se, em grande parte, a uma educação de natureza materialista, que tem descurado a formação do carácter em proveito de conteúdos muitas vezes estéreis. A pouca adesão dos alunos às matérias leccionadas é um sinal claro de que a escola necessita de mudanças, não no sentido das reformas educativas implementadas, quase sempre geradoras de instabilidade e de desorientação, e muito menos em nome de um economicismo que a nada leva, mas sim no sentido de promover os valores fundamentais do carácter, sem os quais nenhum ser humano poderá crescer em dignidade e em esperança: o espírito de diálogo e de solidariedade, a compaixão pelos que sofrem, a discrição e a simplicidade, em oposição ao exibicionismo tão em voga, a delicadeza e a compostura, a honestidade. As pequenas histórias que o Clube de Contadores tem procurado divulgar no âmbito da escola, transmitem, de uma maneira simples e acessível às diferentes faixas etárias, esses mesmos valores, que um ensino de carácter demasiado informativo e tecnicista relegou para segundo plano e que uma sociedade baseada no princípio da aparência se tem encarregado de anular. Na sequência disso, decidiu o referido Clube tornar o seu projecto extensivo não só aos professores da Escola Secundária com 3º Ciclo Daniel Faria – Baltar, mas também aos professores de outras escolas, na convicção de que as histórias partilhadas serão motivo de satisfação e de descoberta para quem as ler e ouvir, passando assim a ser enviadas por e-mail todas as quintas-feiras do mês. Gostaríamos muito que os professores que as recebessem e as apreciassem procedessem ao seu reencaminhamento, para que o maior número possível de pessoas venha a beneficiar com a sua leitura. Gostaríamos também de receber as vossas opiniões sobre este projecto.
Certos do vosso melhor acolhimento
O Clube de Contadores de Histórias Biblioteca da Escola S/3 Daniel Faria – Baltar

Conclusões do I Congresso Nacional de Bibliotecas Escolares

Da parte da Fundação Germán Sánchez Ruipérez, recebemos a informação de que se encontram disponíveis as conclusões do I Congresso Nacional de Bibliotecas Escolares, que teve lugar em Salamanca (Espanha), nos dias 18, 19 e 20 de Outubro de 2006: http://www.fundaciongsr.org/documentos/7667.pdf

Call for Papers: 2as CONFERÊNCIAS NO ALENTEJO SOBRE LITERATURA INFANTIL

Nos dias 27 e 28 de Abril de 2007 terão lugar as 2as CAL.
Sendo 2007 o ano em que se comemora o centenário do nascimento do escritor e poeta Miguel Torga, o programa desenrolar-se-á em torno de duas grandes áreas temáticas - «A obra de Miguel Torga» e «Leituras dramáticas: a palavra sai do livro para a cena» – com conferências e comunicações que tratarão questões incontornáveis nos estudos deste campo literário – A Lij e o (polis)sistema literário: questões de cânone(s), de tradução, de edição e mercado, da relação texto/drama/movimento e da mediação; A promoção da literacia: na escola e na biblioteca – na biblioteca da escola; A Lij e a educação para os valores.

Estão já confirmadas as presenças dos Professores Pedro Cerrillo (CEPLI – Universidad de Castilla-la-Mancha), Ana Luísa Vilela (Univ. de Évora), Glória Bastos (Univ. Aberta) e Gisela Cañamero (Criadora de espectáculos, encenadora e dramaturga).
Haverá um pequeno espaço para apresentação de comunicações, escolhidas em função da adequação às temáticas e da ordem de chegada.

Comissão científica: Cláudia Sousa Pereira e Ângela Balça.
Organização: CIDEHUS-UE.
Apoio: Biblioteca Pública de Évora

PROPOSTAS DE COMUNICAÇÃO ATÉ 31 DE JANEIRO 2006. As comunicações deverão inserir-se nas duas áreas temáticas acima referidas.

INSCRIÇÕES ATÉ DIA 31 DE MARÇO 2007
Mais informações em www.cidehus.uevora.pt

Inscrições para cidehus@uevora.pt ou
CIDEHUS-UE Universidade de Évora
Palácio do Vimioso
Apartado 94
7002-554 Évora
………………………………………………………………………………………………………………………….

Nome_____________________________Profissão_____________________ Local de trabalho__________________________

Telef.______________________@mail____________________Morada_____________________________________________
□ COM COMUNICAÇÃO – título________________________________________________ (anexar resumo até 250 palavras e CV)
□ SEM COMUNICAÇÃO: □ geral – 40 €; □ estudantes – 20€; □ estudantes, docentes da Universidade de Évora e Projecto “A Fada Palavrinha e o Gigante das Bibliotecas”– 10€
(cheque à ordem de CIDEHUS-UE)

27 novembro, 2006

Figurações da Infância na obra de Ilse Losa

Maria Goreti da Silva Torres apresenta, em provas públicas, no dia 12 de Dezembro, pelas 11h00, no Instituto de Estudos da Criança, a sua dissertação de Mestrado em Sociologia da Infância, subordinada ao tema Figurações da Infância na obra de Ilse Losa.

O júri tem a seguinte composição: Prof. Doutor Manuel Sarmento (Universidade do Minho), Profª Doutora Isabel Margarida Duarte (Universidade do Porto) e Prof. Doutor Fernando Azevedo (Universidade do Minho).

23 novembro, 2006

Leitura e Jogo dramático no Ensino Básico

Elisa Rosa Santos Silva Freitas apresenta, em provas públicas, no dia 13 de Dezembro, pelas 15h00, no Instituto de Estudos da Criança (Braga), a sua dissertação de Mestrado em Estudos da Criança - Análise Textual e Literatura Infantil, subordinada ao tema O Jogo Dramático na Construção da Criança Leitora.

O júri é composto pelos seguintes elementos: Prof. Doutor Fernando Azevedo (Universidade do Minho), Profª Doutora Judite Zamith-Cruz (Uiversidade do Minho), Profª Doutora Fátima Albuquerque (Universidade de Aveiro) e Profª Doutora Renata Junqueira de Souza (UNESP, Brasil).

Metamorfose e Imaginário em José Jorge Letria





Maria Teresa de Macedo Martins apresentou, no dia 4 de Dezembro, no Instituto de Estudos da Criança (Braga), a dissertação de Mestrado em Estudos da Criança - Análise Textual e Literatura Infantil, intitulada A Metamorfose na Emergência do Imaginário. Leitura das Narrativas Infanto-Juvenis de José Jorge Letria.

O júri teve a seguinte composição: Prof. Doutor Fernando Azevedo (Universidade do Minho), Prof. Doutor José Cândido Martins (Universidade Católica Portuguesa) e Prof. Doutor Armindo Mesquita (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro).

A candidata foi aprovada com a nota máxima, por unanimidade.

A escrita de Ana Saldanha em destaque






Susana Alice Certo Campos defendeu no dia 30 de Novembro, às 17h00, no Instituto de Estudos da Criança (Av. Central, 100 - 4710-229 Braga), em provas públicas, a dissertação de Mestrado em Estudos da Criança - Análise Textual e Literatura Infantil, subordinada ao tema:

Ecos do Passado pela voz de Ana Saldanha. Revisitar a Memória de alguns contos dos Irmãos Grimm e de Hans Christian Andersen.

O júri teve a seguinte composição: Prof.ª Doutora Graça Simões de Carvalho (Universidade do Minho), Prof. Doutor Fernando Azevedo (Universidade do Minho) e Profª Doutora Ângela Balça (Universidade de Évora).

A candidata obteve a nota máxima e foi aprovada por unanimidade.

22 novembro, 2006

Gesellschaft für Kinder- und Jugendliteraturforschung (GKJF)

Astrid Lindgren und ihre Wirkungen in der Kinder- und Jugendliteratur

am 7.- 9. Juni 2007 in Erfurt



Call for Papers

Der hundertjährige Geburtstag Astrid Lindgrens im Jahr 2007 soll für uns Anlass sein, das Werk der schwedischen Autorin in seiner Bedeutung für die Kinder- und Jugendliteratur des 20. Jahrhunderts wie unserer Zeit zu untersuchen. Ohne Zweifel ist dabei von einem weltweiten Erfolg auszugehen, der die Grenzen von Ländern, Kulturen und Kontinenten überschritten hat, ebenso wie die Verbreitung des Lindgrenschen Werks durch Buch, Theater, Hörspiel, Film, TV und zuletzt Neue Medien (wie etwa Computerspiel) die zunehmend medienübergreifende Entwicklung der Kinder- und Jugendliteratur generell widerspiegelt.

Doch geht es nicht um bloße Konstatierung dieses Erfolgs, sondern um die Frage nach seinen Triebkräften wie auch nach den Bedingungen, unter denen er sich in unterschiedlichen Kulturen und Gesellschaften der vergangenenfünfzig Jahre entfaltete; um die Impulse für Zeitgenossen, für andere Autoren und Werke; ferner um die Frage der Aktualität und der Funktionen dieses kinderliterarischen Werks im 21. Jahrhundert.

Astrid Lindgrens Werk gibt unter diesen Vorzeichen Anlass zur Spurensuche, zu Überlegungen über das in ihm steckende innovative Potential, zu zahlreichen Fragen nach den Wegen der Grenzüberschreitung wie auch der Voraussetzungen internationaler Wirkung. Nachzugehen ist dabei Lindgrens Einflüssen in der phantastischen wie in der realistischen Kinder- und Jugendliteratur, in Dorf- und Lausbubengeschichten, Märchen, Mädchenbüchern, Abenteuergeschichten wie auch in Erzählungen, in denen die psychische Befindlichkeit der Protagonisten in den Vordergrund rückt. In welcher Tradition steht „Pippi Langstrumpf“ und welche Tradition hat sie mittlerweile - vielleicht - begründet? Wie passt - oder passt nicht - das Lindgrensche Werk in die Entwicklung gerade der deutschsprachigen Kinder- und Jugendliteratur? Welche Handschrift, welche stilistischen Eigenarten weist es auf und wie hat es sich entwickelt und andere beeinflusst? Wo liegen die Möglichkeiten, wo die Grenzen ihres kinderliterarischen Konzepts? In welchem Verhältnis steht es zum kinderliterarischen Umbruch nach 1968 und dessen Vorbereitung? Wie hat sich der Umgang der Kritiker, Pädagogen und Literaturdidaktiker mit dem Werk Lindgrens entwickelt und verändert? Was kann man heute noch mit ihrem Werk anfangen?

Wir hoffen auf Ihr reges Interesse und bitten um Zusendung von Vortragsangeboten (von maximal 30 Minuten Dauer) bis zum 15.1.2007. Ihrem Vorschlag sollte ein kurzer Aufriss des Vortragsthemas („abstract“, bis ca 1.500 Zeichen) beigefügt sein. Bitte senden Sie Ihre Vorschläge per Mail an dolle-weinkauff@rz.uni-frankfurt.de oder per Briefpost an die folgende Adresse:


Gesellschaft für Kinder- und Jugendliteraturforschung
Dr. Bernd Dolle-Weinkauff
Johann Wolfgang Goethe-Universität
Institut für Jugendbuchforschung
Campus Westend

Grüneburgplatz 1
60323 Frankfurt

21 novembro, 2006

OCNOS - Revista de Estudos sobre Leitura


Acaba de ser publicado o nº 2 da revista OCNOS, editada pelo CEPLI, da Universidad de Castilla-La Mancha.

Esta revista, de carácter científico, tem por objectivo dar a aconhecer investigação aprofundada sobre leitura e escrita equacionadas sob uma perspectiva transdisciplinar.

A recepção de artigos para o próximo número, a publicar em Outubro de 2007, decorre até 31 de Janeiro. Contactos: CEPLI.

ooohéee - Estudos sobre a Criação e Edição Infantil e Juvenil


AA. VV. (2006) ooohéee. Estudis sobre la Creació i Edició Infantil i Juvenil. Palma de Mallorca: Edició de l'Institut d'Estudis Baleàrics. (ISSN: 1886-0508)

Com uma muito cuidada apresentação gráfica, e escrita em três línguas - catalão, castelhano e inglês - , acaba de ser publicado o segundo número da revista de estudos sobre a criação e a edição infantil e juvenil.
O número inclui, para além de recensões críticas de obras de literatura infantil e juvenil publicadas em catalão e em castelhano (guia dos autores das Ilhas Baleares 2003-2006), entrevistas com autores e ilustradores, estudos teóricos e de investigação sobre leitura e criação literária para crianças e jovens.

Andar entre Livros. A leitura literária na escola


Colomer, Teresa (2005) Andar entre Libros. La Lectura Literaria en la Escuela. México: Fondo de Cultura Económica.

Esta é uma obra teórica consagrada à leitura e aos aspectos que intervêm e interactuam no processo da educação literária: a escola, os leitores e os livros. Reflectindo, detalhadamente e com argúcia, acerca das leituras exercitadas em contexto escolar, Teresa Colomer não esquece os processos de selecção dos cânones e a mais-valia que decorre da interacção sistemática e intencional do leitor com os textos literários.
A obra inclui um pertinente quadro com indicação das actividades, instrumentos, avaliação, tipos e objectivos da leitura de obras literárias na escolaridade obrigatória.
Enfim, trata-se de uma obra teoricamente bem fundamentada e metodologicamente muito pertinente que se lê com prazer.

Literatura para Crianças e Jovens



Miretti, María Luisa (2004) La Literatura para niños y jóvenes. El análisis de la recepción en producciones literarias, Rosario: Homo Sapiens Ediciones.

Com prefácio de Teresa Colomer, chegou recentemente às nossas mãos esta obra de Maria Luisa Miretti, coordenadora do Mestrado em Literatura para Crianças da Faculdade de Humanidades e Artes da Universidad Nacional de Rosario - Argentina.

Estruturada em duas partes, a obra retoma a polémica do objecto de estudo da literatura de potencial recepção leitora infantil e juvenil. Descrevendo e caracterizando o passado e o presente da literatura infantil e juvenil, bem como o papel dos clássicos e os lugares de uma Estética da Recepção nestas produções textuais, a obra debruça-se, com particular relevo, sobre a análise da recepção dos textos e autores da literatura infantil e juvenil argentina contemporânea. Neste âmbito, a obra descreve, caracteriza e analisa, com minúcia, os processos de reescrita e de recriação dos textos e autores clássicos, oferecendo ao leitor um amplo e bem documentado ponto de situação da actual literatura infantil e juvenil de um dos mais importantes países da América Latina. A obra inclui ainda uma bem documentada e pertinente bibliografia.

20 novembro, 2006

Isabel Allende também para os mais jovens





Isabel Allende destacou-se no panorama literário com a obra A Casa dos Espíritos, à qual se seguiram outras não menos importantes que fizeram desta escritora chilena uma referência mundial. Partidária de uma escrita vigorosa, de onde se destacam um traço firme e uma riqueza descritiva muito significativa, a sua obra efectiva momentos de verdadeira intimidade com os seus leitores. Com a trilogia As memórias da Águia e do Jaguar, Allende transforma-se, desta vez, numa voz do romance juvenil, onde se evidenciam, para além do seu típico relato emotivo e aproximativo, diversos apontamentos fundamentais na efectivação de um texto para leitores mais jovens.
A cidade dos deuses selvagens, O Reino do Dragão de Ouro e O Bosque dos Pigmeus são livros que constituem um composto rico em imagens, onde “o voltar a um realismo mágico” é a matéria emergente. Em a cidade dos deuses selvagens, as personagens principais: Alexander Cold, a sua avó (a célebre jornalista Kate Cold) e Nádia Santos, embrenham-se numa complicada expedição em plena Amazónia. A aventura toma forma nas variadas deambulações das personagens e é já, no início do segundo capítulo, que Alexander, com apenas onze anos, se vê perdido em Nova Iorque a braços com uma nova situação, da qual se tem de desenrascar sozinho.
No coração da selva tudo se vai complicando para o jovem rapaz e este, sempre posto à prova pelo carácter rígido e excêntrico de Kate, bem como pelas crenças e relatos místicos de Nádia (em aprendizagem também), tem por única solução a assimilação rápida dos acontecimentos, para que o seu desempenho seja o mais correcto. É, contudo, na lendária «cidade das Bestas» que as duas personagens se vêem confrontadas com um mundo absolutamente fantástico e onírico que lhes permitirá, não uma desajustada relação com a realidade experimentada, como seria de esperar, mas uma verdadeira isotopia com esse espaço fora do tempo, empreendedor em experiências inigualáveis, pois ambos estiveram atentos ao que os rodeava permitindo que as novas experiências se manifestassem como momentos únicos de verdadeiras aprendizagens.
Em O Reino do Dragão de Ouro, segunda parte da trilogia, as personagens principais são, desta vez, transportadas para um ambiente natural de magia no coração dos Himalaias. Aí, no meio de uma esplendorosa paisagem, o jovem Alexander, muito mais do que confrontar-se com os inúmeros perigos da viagem, deve aprender o porquê de uma existência levada a cabo com a sabedoria da sinceridade e da serenidade. Aqui, o saber ancestral de uma outra cultura prende-se com os ensinamentos do monge budista para com o seu discípulo, o príncipe Dil Bahadur.
Desde o primeiro capítulo, a extraordinária descrição da relação de absoluta confiança e de grande lealdade e amizade, entre estas duas personagens, realiza no leitor uma interiorização de valores morais, balizados entre a temperança e um auto conhecimento cíclico, o que evidencia a revalidação permanente do crescimento pessoal do jovem discípulo. Mais tarde, sob os ensinamentos do monge e do seu discípulo, Alexander e Nádia compreendem igualmente como criar defesas físicas e fortalecer as suas personalidades através do exercício da mente. Nesse outro lado do mundo, à mistura com uma aventura árdua e perigosa, a força espiritual impõe-se numa mensagem claramente edificadora, onde é possível entender-se o verdadeiro significado da importância da preservação da paz e do amor na terra.
Em O Bosque dos Pigmeus, mais ainda do que no segundo livro, Nádia e Alexandre destacam-se como dois jovens cujas capacidades se revelam merecedoras de grande mérito. Ambos mostram, na selva africana, uma grande predisposição e tenacidade na aplicação das suas aprendizagens, decorrentes das suas anteriores vivências, quer na selva Amazónica, quer nos Himalaias. Já na capital do Quénia, onde o mercado se traduz pelo espaço festivo da diversidade, da cor e dos aromas, até ao coração da selva, o narrador não se cansa de aludir aos encantos de África, rica pelo seu misticismo cultural e ancestral. Desde logo, o leitor mais jovem depara-se com uma realidade oposta aos princípios inerentes ao mundo histórico e empírico-factual, mas que aqui se ajusta perfeitamente ao circundante. Quem falaria de África sem aludir aos seus encantos ritualistas e premonitórios? É fácil compreender que não se trata, apenas, de mais um pormenor para enriquecer a complexidade ficcional do texto. Na verdade, a autora revela uma preocupação, que lhe é já peculiar, e que se caracteriza pelo gosto da descrição pormenorizada de outras realidades.
Parecem-me igualmente fortes as metáforas do jaguar e da águia, presentes desde o primeiro livro, pois estas, muito mais do que retratar uma identificação puramente simbólica dos dois jovens aos seus animais totémicos, mostram, sobretudo neste terceiro livro, a sua força, determinação e maturação na vontade de ultrapassarem as mais diversas adversidades. Sempre que Nádia ou Alexandre se sentem desprovidos de coragem ou derrubados na impossibilidade de vencer mais uma etapa, recorrem, pela crença e pela confiança, ao seu animal totémico que não é mais do que a representação simbólica da força e da vontade inconscientes para a resolução dos seus problemas.
Para além da partilha do dever de onde se podem retirar variadíssimas lições de vida, prende-se a esta última aventura a constatação da sobrevalorização da cultura ocidental em detrimento das ditas terceiro-mundistas. Depreendemos que a autora, através dos ensinamentos de Kate, procura incutir nos mais jovens o respeito pelo o que é diferente, originando no leitor a imediata rejeição da ideia preconceituosa e puramente racista de que só o que pertence aos dogmas da nossa sociedade é correcto e inquestionável
Num continente como África, onde as riquezas étnica, cultural e religiosa não podem dissociar-se sem que haja um desfavorecimento global da relação homem/natureza, Isabel Allende privilegia no seu texto as alusões à aproximação da ciência e da crença, o que, no seu entender, possibilita uma melhor compreensão do mundo e dos outros.
Marco relevante desta última aventura é, ainda, o processo de consciencialização ecológica, ambiental e sócio-cultural que se destaca da aventura retratada na aldeia de Ngoubé. A ilegal extracção de recursos naturais, o uso desapropriado dos mesmos, bem como a promiscuidade exercida sobre os pigmeus é adequadamente retratada nesta terceira aventura. Na verdade, ciente dos graves problemas ambientais e culturais que a ambição do homem causa nas diversas regiões de África, Isabel Allende faz uso da sua voz e reporta, assim, uma outra responsabilidade à literatura infantil.
Fazendo jus ao dom da partilha, nesta aventura, tal como nas outras, verifica-se que o diálogo com os mais jovens é possível, sobretudo, se ele for franco. Por isso, Isabel Allende não descartou desta trilogia o misticismo mítico-simbólico que tanto enriquece a sua escrita e, a meu ver, é bem do gosto daqueles que não se prendem exclusivamente às leituras que se recusam retratar, na coerência do pragmático-factual, uma realidade que não a nossa.
Válido é pois dizer-se que, nestes três romances, a autora soube prender a atenção do leitor, quer pelas hábeis reflexões sobre as civilizações descritas, quer pelos sábios momentos míticos, que originam admiração e respeito pelo contrafactual e inexplicável. Fica-nos, pois, a nostalgia de uma história que acabou. Afinal foram vários os momentos emocionantes que vivemos junto dos protagonistas, apostando fortemente no sucesso dos seus empreendimentos.

Gisela Silva


Pequena Pluma, o garoto que passou e ficou



Porque vem aí o Natal, e por vezes a dúvida faz-se ouvir, eis aqui algumas sugestões de leitura.


Pequena Pluma é a história de um valente pequeno índio de dez anos, oriundo da recôndita vila de «Loneliville» que se manteve isolada do resto do mundo. Criada à luz de conhecimentos sabiamente partilhados entre os índios locais e os colonos escoceses que por lá assentaram, «Loneliville» existiu em prosperidade durante cem anos. O ensino fazia-se por aprendizagens e a partir de constantes permutas entre as tradições orais dos índios cheyennes e «os métodos pedagógicos mais estruturados da Europa»; as relações humanas e afectivas requeriam sapiência, carinho e compreensão; o contacto com a natureza exigia um absoluto respeito para que todos usufruíssem correctamente dos recursos naturais. No entanto, quis o acaso que a convivência harmoniosa dos habitantes da pequena vila fosse destruída pela mão atrevida e inconsciente do homem e que o único sobrevivente fosse Pequena Pluma MacAbony, filho de Urso Cinzento McAbot e de Flor Selvagem McAbony.
Recolhido pelos soldados do exército, que procuravam a bomba lançada pelo coronel James T. Brooks, o pequeno órfão não consegue fazer valer a sua história e é levado ao xerife George que resolve adoptá-lo e levá-lo para Pennsville. A partir de então, esta surpreendente narrativa acontece nos moldes de uma descoberta permanente, onde o leitor é convidado a uma constante reflexão, pois o insólito espreita a cada empreitada levada a cabo pelo jovem e curioso MacAbony.
Entre acusações – por não ser como os outros, e louvores – por ser considerado um novo Messias, Pequena Pluma inicia o seu processo de auto-descoberta e conhece, pela primeira vez, o fascínio do chocolate, da televisão e do telefone que nunca vira antes, bem como realidades sociais (como o divórcio, por exemplo), que não compreende, considerando que lá em Loneliville as coisas eram bem mais simples: «No seu mundo de outrora as coisas não se passavam daquela maneira. (…) “O que te faz falta é uma mulher”, disse o pai quando o Cão Gordo da Pradaria acabou de contar as suas desgraças, (…) Por sorte, Serpente Gentil, o pai de Esquilo Branco, estava a dizer a mesma coisa à filha. (…)». E assim se fazia um casamento onde crescia «o verdadeiro amor», pensou o pequeno índio. Afastado dos seus, Pequena Pluma vai ainda deparar-se com a cobiça desmedida dos homens ditos civilizados, a sua mentira disfarçada e a sua prepotência na certeza irrefutável dos seus actos mesquinhos e mais duvidosos.
Adaptando-se às mais diversas circunstâncias, Pequena Pluma sabe sempre desenvencilhar-se e nunca põe de parte os ensinamentos do seu povo, tentando, a todo o custo, mostrar que a velha sabedoria dos índios também deve ser levada em consideração, quer em Pennsville, onde tem uma vida agradável junto do seu protector: «– Tens um ar triste, disse Pequena Pluma ao reverendo (…). – O Sábio Mocho dizia que quando se está triste, é melhor não fazer nada» e do seu pai adoptivo, quer em conversa com o Presidente dos EUA, na Casa Branca : «– Repara, meu rapaz – disse o Presidente enrugando a fronte –, sou mais poderoso que todos os reis de que se fala nos livros. Gostas de histórias de reis? Pequena Pluma deitou-lhe um ar cansado. “O Sábio Mocho dizia sempre que nós somos todos reis e rainhas da nossa própria vida. Que o importante é governarmo-nos a nós mesmos, e não governar o mundo que nos rodeia”».
É, de facto, em Washington que a inocência eleva esta personagem a um estado de absoluta ingenuidade – face à maldade/cobiça dos homens, mas de inteira responsabilização – face aos seus instintos de obrigatoriedade perante as suas relações sócio-afectivas e às suas raízes. Perante esta nova civilização, que o apadrinha com falas mansas e gestos duvidosos, Pequena Pluma distingue os verdadeiros sentimentos e procura a sua família na busca da harmonia perdida e, por isso, foge com George.
Com a queda do avião e o desaparecimento de Pequena Pluma, sentimos um vazio e apercebemo-nos que: «passou um anjo». O vento forte levou-o com a mesma simplicidade com que o trouxe e em nós ficou um vazio e a nostalgia de o ver partir.

Gisela Silva

15 novembro, 2006

MITOLOGIA, TRADIÇÃO E INOVAÇÃO: (Re)leituras para uma nova literatura infantil




Armindo Mesquita (Coord.)

Prefácio de
Marcelo Rebelo de Sousa


Com chancela da editora GAILIVRO, e apoiada pelo Observatório da Literatura Infanto-Juvenil (OBLIJ), pela Delegação Regional da Cultura do Norte (DRCN), pelo Centro de Estudos de Letras da UTAD (CEL), pelo Instituto Português do Livro e das Bibliotecas (IPLB) e pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), acaba de ser publicada uma rigorosa e relevante obra que, tendo como destinatários os mediadores do livro e da leitura, não deixará de interessar a professores, educadores, bibliotecários, psicólogos ou a investigadores do âmbito das Ciências Humanas, pelas pertinentes veredas hermenêuticas que abre e palmilha.

Estruturada em torno de três eixos fundamentais – os velhos e os novos mitos, os lugares, gestos e tempos da tradição oral, e a relação destes com a promoção da leitura e de competências várias - , esta obra fala-nos de textos considerados nucleares no contexto de determinadas comunidades interpretativas e dos modos de devolver aos leitores o gosto, o prazer e a voracidade pela leitura.

Demonstrando que, em função de determinados produtos da industria cultural a que as crianças têm acesso (livros, videojogos, DVD, etc), as múltiplas reescritas ora podem concretizar processos de desconstrução paródica e humorística do mundo ora podem reforçar papéis moralizadores e didácticos, expandindo a idealização de certos estereótipos, esta obra apresenta ao seu leitor uma paleta pluridisciplinar de pontos de vista que, auxiliando a uma visão reflexiva e crítica sobre a literatura de potencial recepção leitora infantil publicada no âmbito ibérico e lusófono, em muito contribui para fertilizar uma reflexão colectiva que se deseja e se afigura necessária acerca daquelas que parecem ser as imagens dominantes da infância na literatura que encontra nas crianças alguns dos seus receptores privilegiados.

Trata-se, enfim, de uma obra extensa, cuidada e rigorosa que, resultando de um criterioso processo de selecção das intervenções que tiveram lugar no II Congresso Internacional de Literatura Infantil, realizado em Maio de 2005, na UTAD, merece ser lida.

14 novembro, 2006

Prácticas culturales, discursos y poder en América Latina - Call for Papers


VIII Jornadas de Estudiantes de Postgrado en Humanidades, Artes, Ciencias Sociales y Educación
Prácticas culturales, discursos y poder en América Latina
9, 10 y 11 de Enero de 2007
El Centro de Estudios Culturales Latinoamericanos de la Facultad de Filosofía y Humanidades de la Universidad de Chile, convoca a las VIII Jornadas de Estudiantes de Postgrado en Humanidades, Artes, Ciencias Sociales y Educación, a realizarse los días 9, 10 y 11 de enero de 2007 en nuestra Facultad, ubicada en Av. Ignacio Carrera Pinto N°1025, Ñuñoa.
Las Jornadas tienen como objetivo central el promover instancias críticas para generar un debate sobre las múltiples problemáticas socio-culturales de América Latina. Esta propuesta busca reunir las diversas y divergentes coordenadas analíticas y disciplinarias que definen nuestra región, a través de su historia y sus expresiones, como un territorio temporal y culturalmente heterogéneo. La presente versión de las Jornadas se propone analizar y destacar la diversidad de prácticas simbólicas y discursivas que se han venido desarrollando en América Latina, en sus relaciones con los poderes sociales y las disputas por la hegemonía cultural. Prácticas realizadas en distintos espacios regionales, nacionales y sociales, por parte de sujetos, actores y conocimientos en diversos periodos de nuestra historia. Las líneas temáticas pueden ubicarse dentro de los siguientes ejes: movimientos y actores, género, subjetividades y poder, pensamiento crítico, imagen y comunicación, culturas populares, procesos y estrategias educativas, estética, y memorias. Invitamos cordialmente a participar de esta octava versión de las Jornadas, en calidad de ponencistas o asistentes, a estudiantes de postgrado de universidades nacionales y extranjeras. Además, extendemos la convocatoria como asistentes a otros miembros de la comunidad universitaria y público en general.
Presentación de resúmenes:
Las personas interesadas en presentar trabajos, deben enviar un resumen del mismo al correo jornadaspostgrado2007@gmail.com, o en su defecto, dejar un disquete o disco compacto en la oficina del Centro de Estudios Culturales Latinoamericanos, ubicado en el 2° piso de la Facultad de Filosofía y Humanidades. Dicho resumen no debe exceder las 300 palabras, en formato carta y letra Times New Roman 12, señalando los objetivos y perspectivas metodológicas que sustenten su propuesta, así como sus datos personales (nombre completo, correo electrónico, teléfono, programa académico y afiliación institucional).
La fecha de recepción se extiende hasta el 22 de noviembre del 2006.
Ponencias aceptadas:
La Comisión Académica Organizadora evaluará, conforme a lineamientos establecidos, los resúmenes presentados y enviará las cartas de aceptación por correo electrónico a partir de la segunda quincena de diciembre. Las ponencias aceptadas deberán ser remitidas al mismo correo hasta el 30 de diciembre de 2006 y no deberán exceder las 9 páginas tamaño carta, a doble espacio, en letra Times New Roman 12, a fin de ser leídas en un tiempo máximo de 15 minutos.
Aranceles: Se estima un costo de $ 6.000 por cada ponencista seleccionado, el cual deberá ser cancelado en el momento de la inscripción, el día 9 de enero desde 9:30 a 12:00 hrs. Los asistentes que deseen certificado de participación deberán pagar una inscripción de $3.000. Para quienes quieran asistir sin solicitar certificado podrán hacerlo gratuitamente.
Dinámicas de las Jornadas:
Se realizarán distintos tipos de actividades: dos conferencias magistrales dictadas por académicos invitados y una serie de mesas temáticas donde se expondrán las ponencias de las y los estudiantes de postgrado que resulten aceptadas. Complementaran estas actividades un foro sobre educación y un video debate. Todas estas presentaciones serán distribuidas a lo largo de los tres días que dura el encuentro. A partir de la primera semana de enero se enviará el programa definitivo, con indicación de horarios y participantes.
Atentamente,
Comisión Académica Organizadora jornadaspostgrado2007@gmail.com

13 novembro, 2006

Curso de formación continua on-line Biblioteca para Jóvenes

La Fundación Bertelsmann acaba de lanzar su nuevo curso de formación continua on-line Biblioteca para Jóvenes. Este curso, dirigido a profesionales del ámbito bibliotecario, se enmarca dentro de la actividad de la Fundación para el fomento de la calidad de las bibliotecas públicas españolas y viene a completar la oferta existente de formación on-line en la novedosa plataforma ebib (www.ebib.org" target=_blank>http://www.ebib.org/), que la Fundación Bertelsmann creó en 2004.
El curso está pensado como guía para trabajar con éxito con la clientela más exigente y tal vez más importante de las bibliotecas: los jóvenes.
Está abierto a suscripciones por parte de todos los profesionales del ámbito bibliotecario, y será especialmente útil para aquéllos que tengan que atender a jóvenes o que quieran mejorar el rendimiento de la sección de jóvenes de su biblioteca. El programa incluye un estudio de la juventud actual española y de las tendencias más actuales en cuanto a su comportamiento y preferencias. Permitirá focalizar las actuaciones de instituciones y empleados de bibliotecas hacia resultados eficaces, en una línea de marketing empresarial. Con este fin se ofrece un manual de buenas prácticas que marca una misión y pautas concretas, así como las metas que se deberían fijar las bibliotecas en su orientación hacia el público joven. También se incluye un análisis sobre cómo renovar los servicios para adaptarse a los cambios en cuanto a tecnología, instalaciones y formación del personal.
El curso consta de 60 horas lectivas y una evaluación final, que los alumnos podrán realizar en el plazo de tres meses desde su inscripción.
Incluye técnicas interactivas y fomenta el contacto de los participantes entre sí a través de medios como el chat o los foros, permitiendo así la creación de redes de profesionales y la mejor asimilación del conocimiento. La plataforma ebib recurre a la experiencia exitosa de los cursos homólogos creados por la plataforma bibweb en Alemania, que fueron galardonados con numerosos premios por su excelencia didáctica, tales como el Premio Europeo de e-learning 2004, el Top Ten Public-Private Partnership 2004 y una de las alumnas recibió el premio de Estudiante a Distancia 2005 por haber podido dar el salto en su carrera profesional gracias a su formación de bibweb.
En el futuro próximo la Fundación Bertelsmann proyecta incorporar a la plataforma ebib otros dos cursos on-line de formación: PBE (Programa Biblioteca-Escuela), con el fin de fomentar el hábito lector en los niños a través de la colaboración entre instituciones públicas, bibliotecas y escuelas, y PAB (Programa de Análisis de Bibliotecas), cuyo fin es realizar una evaluación exhaustiva de las bibliotecas públicas, para aprender a ensalzar su valor dentro de la sociedad.
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