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13 maio, 2007

Fazendo leitores

Algumas das minhas memórias mais queridas dizem respeito à leitura: esconder-me debaixo dos lençois com uma lanterna, ler muito depois da meia noite, deitar-me no sofá com uma caixa de chocolates a ler A morgadinha dos Canaviais ou os Sonetos de Camões...ou sentir na mão o meu primeiro cartão de uma biblioteca pública!
O meu amor pela leitura consolidou-se... nem eu sei quando: na minha casa os livros enchiam as paredes! Ler era-me absolutamente normal, todos liam à minha volta: pais, irmãos, amigos, companheiras e companheiros de escola!
Contudo, a certa altura um fenómeno estranho aconteceu: a leitura de certos livros foi-me desaconselhada porque alguém podia saber o que eu lia e isso podia trazer dissabores...a liberdade e a democracia ainda não tinham chegado ao nosso país.
João Pedro Mésseder /Editorial Caminho

Ah, mas o fruto proibido é o mais apetecido e os livros de Máximo Gorki e de Steinbeck passaram a ter capas cobertas por papel custaneira! A minha mãe ficou horrorizada, mas nada conseguiu deter-me na caminhada da leitura, e há falta de melhor lia-se as Selecções do Readers Digest ou A Maria ou ainda a revista Fagulha! Mais tarde, barricados no bar da faculdade de Letras, ouvindo o Zeca cantando canções de embalar, a poesia despertou como a estrela d´alba da cantiga:

Dorme ó meu menino / Que a estrela d' alba / Já a procurei e não a vi / Se ela não vier de madrugada / Outra qu' eu souber será p´ra ti!

José Jorge letria/O sol e a Lua

QUE COISA É ESTA QUE NOS MOVE PARA A LEITURA? QUE COISA É ESTA QUE NOS FAZ BEBER OS LIVROS COMO CAFÉ EM DIAS DE "não sei como vou aguentar tanto trabalho?"

Bem complicada esta situação para a qual não existem respostas simples mas antes tentativas generosas para fazer leitores. Aqui vos deixo mais uma: muitos livros dão-nos palavras de sabedoria, trechos engraçados ou descrições eloquentes e seria encorajador escrever essas frases numa grande parede com o título"A Parede da Inspiração".

Podem ter a certeza que esta Parede da Inspiração será um aditivo poderoso e proporcionará uma constante lembrança do poder e da beleza das palavras!

1 comentário:

vieiradospneus disse...

Nesse tempo não lias a revista Maria porque esta só começou a publicar-se nos anos 80. Deves estar a fazer confusão com a Crónica Feminina.