Em todas as conversas sobre a problemática da leitura, sempre alguém se queixa de que cada vez se lê menos. Se é verdade que ainda estamos aquém dos índices desejados, comparativamente com alguns países da união europeia e que isso se reflecte nos índices de literacia dos portugueses, também pensamos que haverá algum exagero nesta afirmação.
O problema é que, muitas vezes, quando dizemos que se lê pouco estamos a pensar na leitura de autores consagrados como Fernando Pessoa, Saramago, Eugénio de Andrade... e muitos mais! Mas a maioria dos leitores escolhem antes para leitura, as novelas dos Templários, os mistérios das múmias Egípcias, as sagas das mulheres Muçulmanas ou as atrocidades de Hitler.
No que à literatura infantil diz respeito lêem, por exemplo, J. K. Rowling, para arrepio de muitos bons professores de Língua Portuguesa!
Enfim, o que estes leitores fazem é ler por prazer, em lugar de ler para qualquer outra coisa! Lêem sem terem uma ideia penitencial da literatura, sem se importarem de se insurgir contra os cânones estabelecidos. A ideia de que se lê para tirar prazer da leitura ainda assusta, porque a leitura tem que constituir-se como um esforço desmedido, um trabalho interminável ou uma mortificação que melhora o espírito.
Contudo, a leitura, seja ela qual for, é sempre uma expressão de um prazer superior, no que a Stuart Mill (1871) diz respeito, pois só os seres humanos conseguem apreciá-la e deleitar-se com ela.
Por isso venham os Paulos Coelhos, os Nicholas Sparks e os Dan Browns!
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