“A sabedoria da infância”
LETRIA, José Jorge (1994) O Menino Eterno (1ª ed.).
Ilustrações de Henrique Cayatte, Porto: Livraria Civilização Editora.
ISBN 972-26-1032-5.
LETRIA, José Jorge (1994) O Menino Eterno (1ª ed.).
Ilustrações de Henrique Cayatte, Porto: Livraria Civilização Editora.
ISBN 972-26-1032-5.
José Jorge Alves Letria nasceu em Cascais, a 8 de Junho de 1951,é um jornalista e escritor português. Como escritor distingue-se na poesia, no conto, no teatro e, sobretudo, na literatura para a infância e juventude. E segundo ele, a sua poesia «é muito marcada pelo amor e pela tentação da felicidade que integra o amor. Uma espécie de sede de absoluto que o amor representa enquanto horizonte.».
O Menino Eterno é um conto maravilhoso, retratado como uma lenda oriental. O narrador apresenta-nos esta obra dividida em quatro capítulos sequenciais bem delimitados, onde a história de Pi Wang, Um Camponês Sábio (Letria, 1994: 3), nos transporta através de uma viagem fantástica ao mundo do “eterno”.
Os paratextos com que nos deparamos no nosso primeiro contacto com esta obra contemporânea da literatura infanto-juvenil, são os que estão presentes na capa, contracapa, lombada e badanas.
Mas é na capa e na contracapa do livro aberto, que se forma uma só imagem, de onde se realçam indivíduos que aparentam ser orientais e uma árvore que preenche metade da contracapa.
A capa dura e as folhas espessas, asseguram a transição a um leitor que está a chegar à faixa etária dos 9 anos. O leitor adulto, ao contactar com este livro, tem desde logo a percepção de que está a ser “apresentado” a uma obra de um autor reconhecido.
Na óptica do imaginário e do fantástico, o título ao iniciar-se com o artigo definido “o” deixa de ser um menino eterno para ser “O Menino Eterno”, aludindo à sua autenticidade, a que ele é único. As ilustrações de Henrique Cayette remetem o leitor infanto-juvenil para o mundo do fantástico, associado às lendas do oriente, onde tudo é passível de acontecer.
Este livro conta-nos a história de Pi Wang, um velho camponês que afirmava que as crianças têm nos olhos "toda a sabedoria do mundo" (idem, ibidem: 5). Desiludido com o rumo dos acontecimentos, Pi Wang, apenas com a companhia de um falcão, refugia-se no cimo de uma montanha deserta, onde por intermédio de um segredo bem guardado, vai proferindo as palavras mágicas que um peregrino lhe ensinou. Ingere o preparado e torna-se de novo menino. Só então desce a montanha e encontra um mundo que, apesar de ser o seu, lhe é estranho.
A obra infanto-juvenil Os Olhos de Ana Marta, tem uma forte presença intertextual com O Menino Eterno. O sonho, obsessivo, que povoa O Menino Eterno, à semelhança dos Olhos de Ana Marta está simbolizado na infância que transfigura a morte e nunca parte. A eterna infância em Os olhos de Ana Marta, é personificada na presença “viva” de Ana Marta em toda a narração, em todos os personagens, passeando-se por toda a casa, vigiando com os seus “olhos” os passos da irmã e votando a uma solidão e isolamento, quase total da vida, a Flávia, sua mãe.
A importância das pequenas coisas, quer elas sejam do âmbito humano ou da Natureza, é o valor primordial que sobressai da leitura e interpretação desta obra. A importância da criança, referida como quem tem “nos olhos – explicava ele – toda a sabedoria do mundo” (Letria, 1994: 5) e a renovação da Natureza, o ciclo onde nada se ganha, nada se perde, tudo se transforma, desde que a saibamos respeitar.
O menino eterno, o menino que nos acompanha com a sua omnipresença no dia-a-dia, o menino da obra literária mais lida em todo o mundo, está também presente em O Menino Eterno. Se analisarmos a capa e contracapa como um único elemento, notamos toda uma significação de um momento Bíblico impregnada na ilustração. Um monte, os pastores e os reis magos com as prendas para o menino que os aguarda nas palhas “sentado”. Sentado, porque este Menino Eterno está representado por um sábio ancião, nesta obra, no lugar de Jesus Cristo que nasceu menino, mas predestinado a ser o Messias, a voz de Deus Pai todo-poderoso e a sua voz na terra, afinal a voz de toda a sabedoria.
Enquanto decorre a nossa leitura da obra, somos transportados por quatro capítulos que correspondem às quatro estações do ano. A analogia deste facto remete-nos para quando Pi Wang responde aos camponeses, dizendo-lhes que “-A Natureza tem desta coisas. Tem as suas regras e as suas leis. Porque não havemos de lhe dar um pouco mais de tempo?”(idem, ibidem: 5-6). Desta forma, ele remete toda a sua sabedoria para a Natureza e para o tempo.
Da mesma forma, se analisarmos as alterações icónicas na mudança de capítulos, somos confrontados com a passagem das estações através de uma árvore (simbolizando a Natureza) em que a queda e renovação da folha se alia ao passar do tempo (que tudo cura) e nos convida a todas as vezes que acabamos a obra, a reiniciar o ciclo, voltando à Primavera.
Em síntese, a imagem do eterno está bem presente nesta obra, quer na capacidade da natureza se renovar mas também de nela se desabrochar, sempre, uma vida nova.
Os paratextos com que nos deparamos no nosso primeiro contacto com esta obra contemporânea da literatura infanto-juvenil, são os que estão presentes na capa, contracapa, lombada e badanas.
Mas é na capa e na contracapa do livro aberto, que se forma uma só imagem, de onde se realçam indivíduos que aparentam ser orientais e uma árvore que preenche metade da contracapa.
A capa dura e as folhas espessas, asseguram a transição a um leitor que está a chegar à faixa etária dos 9 anos. O leitor adulto, ao contactar com este livro, tem desde logo a percepção de que está a ser “apresentado” a uma obra de um autor reconhecido.
Na óptica do imaginário e do fantástico, o título ao iniciar-se com o artigo definido “o” deixa de ser um menino eterno para ser “O Menino Eterno”, aludindo à sua autenticidade, a que ele é único. As ilustrações de Henrique Cayette remetem o leitor infanto-juvenil para o mundo do fantástico, associado às lendas do oriente, onde tudo é passível de acontecer.
Este livro conta-nos a história de Pi Wang, um velho camponês que afirmava que as crianças têm nos olhos "toda a sabedoria do mundo" (idem, ibidem: 5). Desiludido com o rumo dos acontecimentos, Pi Wang, apenas com a companhia de um falcão, refugia-se no cimo de uma montanha deserta, onde por intermédio de um segredo bem guardado, vai proferindo as palavras mágicas que um peregrino lhe ensinou. Ingere o preparado e torna-se de novo menino. Só então desce a montanha e encontra um mundo que, apesar de ser o seu, lhe é estranho.
A obra infanto-juvenil Os Olhos de Ana Marta, tem uma forte presença intertextual com O Menino Eterno. O sonho, obsessivo, que povoa O Menino Eterno, à semelhança dos Olhos de Ana Marta está simbolizado na infância que transfigura a morte e nunca parte. A eterna infância em Os olhos de Ana Marta, é personificada na presença “viva” de Ana Marta em toda a narração, em todos os personagens, passeando-se por toda a casa, vigiando com os seus “olhos” os passos da irmã e votando a uma solidão e isolamento, quase total da vida, a Flávia, sua mãe.
A importância das pequenas coisas, quer elas sejam do âmbito humano ou da Natureza, é o valor primordial que sobressai da leitura e interpretação desta obra. A importância da criança, referida como quem tem “nos olhos – explicava ele – toda a sabedoria do mundo” (Letria, 1994: 5) e a renovação da Natureza, o ciclo onde nada se ganha, nada se perde, tudo se transforma, desde que a saibamos respeitar.
O menino eterno, o menino que nos acompanha com a sua omnipresença no dia-a-dia, o menino da obra literária mais lida em todo o mundo, está também presente em O Menino Eterno. Se analisarmos a capa e contracapa como um único elemento, notamos toda uma significação de um momento Bíblico impregnada na ilustração. Um monte, os pastores e os reis magos com as prendas para o menino que os aguarda nas palhas “sentado”. Sentado, porque este Menino Eterno está representado por um sábio ancião, nesta obra, no lugar de Jesus Cristo que nasceu menino, mas predestinado a ser o Messias, a voz de Deus Pai todo-poderoso e a sua voz na terra, afinal a voz de toda a sabedoria.
Enquanto decorre a nossa leitura da obra, somos transportados por quatro capítulos que correspondem às quatro estações do ano. A analogia deste facto remete-nos para quando Pi Wang responde aos camponeses, dizendo-lhes que “-A Natureza tem desta coisas. Tem as suas regras e as suas leis. Porque não havemos de lhe dar um pouco mais de tempo?”(idem, ibidem: 5-6). Desta forma, ele remete toda a sua sabedoria para a Natureza e para o tempo.
Da mesma forma, se analisarmos as alterações icónicas na mudança de capítulos, somos confrontados com a passagem das estações através de uma árvore (simbolizando a Natureza) em que a queda e renovação da folha se alia ao passar do tempo (que tudo cura) e nos convida a todas as vezes que acabamos a obra, a reiniciar o ciclo, voltando à Primavera.
Em síntese, a imagem do eterno está bem presente nesta obra, quer na capacidade da natureza se renovar mas também de nela se desabrochar, sempre, uma vida nova.
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