Letria, José Jorge (2004). Ler doce ler. Ilustração de Rui Castro. Lisboa: Terramar.
ISBN: 972-710-383-9
Ler doce ler é uma obra metaficcional de José Letria, que é o escritor português mais premiado da actualidade. Letria nasceu em Cascais, a 8 de Junho de 1951 e, como escritor, distinguiu-se na poesia, no conto, no teatro e, sobretudo, na literatura para a infância e juventude.
A obra é ilustrada por Rui Castro, um jovem que despertou para a poesia através das sessões de «Poesia Vadia» no Café com Letras.
Neste livro, a ficção reflecte sobre si própria e sobre os mecanismos que a potenciam. Dá-nos a conhecer como os livros são compostos, quais os seus gostos, os seus medos, a sua “idade”, o que é ser escritor e o que ele faz, entre outras coisas que serviram para que o leitor conheça e aprofunde mais o seu saber sobre o verdadeiro mundo dos livros.
Na verdade, esta obra ensina-nos algo acerca da literatura e do seu funcionamento. Ajuda ao mesmo tempo os leitores a construírem quadros de referência e a estabelecer protocolos de leitura. Ou seja, mostra-nos que aquilo que o texto literário diz não é necessariamente verdade nem necessariamente mentira, que é difícil separar entre realidade e ficção. Também nos demonstra que toda a informação apresentada no livro, desde os paratextos, incluindo o texto verbal e o texto icónico, não é um apêndice do texto verbal mas algo relevante que o completa e ajuda o leitor a encontrar os vários sentidos, significados e interpretações que o texto potencia. Neste sentido, mostra-nos que, muitas vezes, os próprios paratextos condicionam o leitor na escolha de um livro e o levam a ler ou não esse livro.
Por outro lado, esta obra demonstra que a vida da obra literária é inconcebível sem a participação activa dos leitores. Os livros querem que o leitor se “entregue” a eles, faça parte da sua história, dialogue com eles, tente dar respostas às várias questões, que o próprio texto levanta, e seja capaz de preencher os “espaços em branco” que o próprio texto cria. Ou seja que se mostre como um leitor activo e interveniente, cujos comportamentos interpretativos não passam por uma mera leitura passiva, “gastronómica” ou inocente, mas uma leitura que procura as respostas em todos os policódigos do texto. Os livros dão-se completamente aos seus leitores, dirigem-se directamente a eles, vivem em função dos leitores e sem eles não têm utilidade.
Por outro lado, esta obra destabiliza as expectativas do leitor, cria um certo estranhamento quando diz, por exemplo, que «os livros vêm do tempo em que não havia livros. O livro em si são as palavras, as histórias, as emoções, as vivências, a partilha da memória colectiva. Deste modo, para existir um livro não é preciso papel ou caneta, o que interessa é que esteja presente, a imaginação e a criatividade.
Podemos concluir que esta obra permite exercitar uma função lúdica, na medida em que envolve o leitor no jogo com as convenções do texto, mostrando-lhe como funcionam as histórias através da descoberta dos mecanismos que nelas operam. Mas também uma função didáctica porque demanda a implicação do leitor na produção de sentido da narração (Meck, 1999), possibilitando uma aprendizagem literácita, visto que se apresenta como um jogo relacionado com a aquisição de competências linguísticas e cognitivas (Mackey, 1990). E por fim, porque possui um potencial instrutivo, envolvendo os leitores na produção de significados textuais (Hutchen, 1980).
Na verdade, esta obra ensina-nos algo acerca da literatura e do seu funcionamento. Ajuda ao mesmo tempo os leitores a construírem quadros de referência e a estabelecer protocolos de leitura. Ou seja, mostra-nos que aquilo que o texto literário diz não é necessariamente verdade nem necessariamente mentira, que é difícil separar entre realidade e ficção. Também nos demonstra que toda a informação apresentada no livro, desde os paratextos, incluindo o texto verbal e o texto icónico, não é um apêndice do texto verbal mas algo relevante que o completa e ajuda o leitor a encontrar os vários sentidos, significados e interpretações que o texto potencia. Neste sentido, mostra-nos que, muitas vezes, os próprios paratextos condicionam o leitor na escolha de um livro e o levam a ler ou não esse livro.
Por outro lado, esta obra demonstra que a vida da obra literária é inconcebível sem a participação activa dos leitores. Os livros querem que o leitor se “entregue” a eles, faça parte da sua história, dialogue com eles, tente dar respostas às várias questões, que o próprio texto levanta, e seja capaz de preencher os “espaços em branco” que o próprio texto cria. Ou seja que se mostre como um leitor activo e interveniente, cujos comportamentos interpretativos não passam por uma mera leitura passiva, “gastronómica” ou inocente, mas uma leitura que procura as respostas em todos os policódigos do texto. Os livros dão-se completamente aos seus leitores, dirigem-se directamente a eles, vivem em função dos leitores e sem eles não têm utilidade.
Por outro lado, esta obra destabiliza as expectativas do leitor, cria um certo estranhamento quando diz, por exemplo, que «os livros vêm do tempo em que não havia livros. O livro em si são as palavras, as histórias, as emoções, as vivências, a partilha da memória colectiva. Deste modo, para existir um livro não é preciso papel ou caneta, o que interessa é que esteja presente, a imaginação e a criatividade.
Podemos concluir que esta obra permite exercitar uma função lúdica, na medida em que envolve o leitor no jogo com as convenções do texto, mostrando-lhe como funcionam as histórias através da descoberta dos mecanismos que nelas operam. Mas também uma função didáctica porque demanda a implicação do leitor na produção de sentido da narração (Meck, 1999), possibilitando uma aprendizagem literácita, visto que se apresenta como um jogo relacionado com a aquisição de competências linguísticas e cognitivas (Mackey, 1990). E por fim, porque possui um potencial instrutivo, envolvendo os leitores na produção de significados textuais (Hutchen, 1980).
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