LETRIA, José Jorge (2005), A árvore dos abraços.
Ilustração de Joana Quental. Vila Nova de Famalicão: Quasi Edições.
ISBN: 989-552-119-7
Conto Infantil
A árvore dos abraços é um livro escrito por José Jorge Letria. O autor nasceu em Cascais em 1951 e iniciou a sua actividade literária no suplemento «Juvenil» do Diário de Lisboa. Foi desde 1970 redactor em vários jornais, trabalhando também como guionista e autor de programas de televisão. Foi vereador da Cultura da Câmara Municipal de Cascais de 1994 a 2001 e editor e subchefe de redacção de JL. Colaborou em várias publicações e da sua obra destaca-se a poesia, encontrada em grande parte compilada em O Fantasma da Obra (1973-1993), de 1993. É também autor de livros destinados à infância.
Este livro conta a história de uma árvore que se sente triste por ser banal, mas um dia, uma mãe e seu filho sentaram-se na sua copa a ler histórias, o que a deixou muito feliz. Mais tarde, o filho apareceu lá sozinho a chorar a morte da mãe e ela, para apoiá-lo, abraçou-o com os seus ramos fazendo-o adormecer. A notícia espalhou-se e a árvore passou a acarinhar todos, sendo reconhecida por dar o melhor dos frutos: o amor.
É um texto narrativo em forma de conto infantil, repleto de fantasia e maravilhoso, que nos faz pensar acerca da natureza e analisar se lhe damos ou não o valor suficiente, apelando a uma atitude de harmonia face às questões da ecologia. Deste modo, o livro é extremamente interessante que faz parte dos "Textos susceptíveis de emanciparem o imaginário dos seus leitores..." (Held, 1987:183). Igualmente os paratextos (capa e título) despertam imediatamente curiosidade, especialmente o título por causar estranhamento; as guardas também são chamativas visto terem desenhados braços interligados, que em tudo se relacionam com esta história.
A narrativa inicia-se com a expressão hipercodificada "Era um vez…" (Letria, 2005), o que previamente envolve o leitor no mundo da fantasia e do imaginário num universo ficcional. Ao longo da história, a intertextualidade está presente quando se faz referência e enaltece o escritor Goethe e outras obras como o Peter Pan, a Alice, o Pinóquio e o Principezinho, além disto, as crianças podem activar os seus quadros de referência intertextuais através dos valores como o afecto e o amor pois várias histórias que contêm fantasia e sonho relacionam-se intertextualmente com esta.
Quando a criança perde a mãe, há muito respeito pela individualidade e um olhar mais tolerante do mundo, que se pode observar quando a árvore se sente triste por não saber como ajudá-la, sendo aqui o amor e a ternura evidenciados como essenciais.
Ao longo do livro visualizam-se ilustrações fabulosas de Joana Quental que interlaça magnificamente o texto icónico e o texto verbal na medida em que estes se complementam através da utilização de técnicas de ilustração cativantes e muito coloridas que tornam o livro mais agradável e motivante para os mais novos. É fundamental evidenciar que a história acaba por ser muito criativa, pois é deixada pendente uma pergunta retórica que representa um espaço em branco, que levará as crianças a imaginar se haverá ou não uma árvore a nascer para substituir a árvore dos abraços.
É um livro que comporta uma novidade semiótica, rompendo assim com determinados estereótipos relativos aos livros infantis. Além disso, as suas marcas de literariedade permitem ao leitor estabelecer uma relação entre o que lê e o que se passa no mundo empírico e histórico-factual, podendo, desta maneira, contribuir para levar as crianças a respeitarem a natureza e olhá-la de modo diferente. O autor pretende mostrar às crianças o valor incalculável da amizade e do carinho bem como as questões da ecologia, dando a entender que devemos preservar aquilo que nos faz falta, tal como o amor e a natureza. Uma criança, ao ler este livro, vai aperceber-se que realmente as árvores não são estimadas apesar de serem fonte de vida ao darem-nos o oxigénio, que é tão fundamental quanto o amor.
1 comentário:
Parabéns pela leitura! Fiquei com muita vontade de poder ler esta obra.
Uma leitora curiosa.
Enviar um comentário